A paralisação da mineradora Samarco pode fazer com que o poder público deixe de arrecadar R$ 989 milhões de impostos ao longo de 2017. O dado é de uma pesquisa da Tendências Consultoria, contratada pela BHP Billiton, uma das sócias da mineradora. O estudo aponta ainda que cerca de 20 mil empregos diretos e indiretos estão ameaçados, caso a empresa não volte a funcionar.
Em Minas Gerais, a ameaça é direcionada a 14.531 postos de trabalho diretos e indiretos. Estado o município de Mariana podem perder R$ 138,6 milhões em arrecadação. O Governo Federal também deixa de arrecadar impostos: R$ 384,6 milhões ao longo deste ano.
No caso da arrecadação de impostos municipais, de acordo com o estudo, a perda para os cofres públicos seria de R$ 9,5 milhões neste ano, o equivalente a 26% da receita de Mariana.
“Temos que considerar que, para os municípios, o prejuízo é ainda maior, pois, quando o país e o Estado arrecadam menos, as cidades são afetadas pela redução dos repasses”, explica o coordenador da área de Estudos, Projetos e Pareceres da Tendências Eric Brasil, ao jornal O Tempo.
A Samarco planeja retomar as operações com 60% de sua capacidade. Segundo a mineradora, ainda há reservas de 2,867 bilhões de toneladas no Complexo de Germano, do qual faz parte a barragem que se rompeu. O volume lhe garantiria competitividade no mercado internacional, caso consiga a aprovação dos órgãos ambientais.
A Prefeitura de Mariana também defende o retorno das operações da empresa. Em entrevista à Agência Brasil, o prefeito Duarte Júnior considerou importante a diversificação das receitas, mas admitiu que a arrecadação com a mineração continua sendo a solução para a crise econômica na cidade.
"Imagina todo dia você recebendo alguém pedindo ajuda para encontrar emprego porque tem uma família para sustentar e o município não consegue gerar renda a essas pessoas. Muita gente entra em desespero e nos incomoda. Por isso queremos o retorno da empresa, que nem resolve completamente a situação, mas minimiza o problema", disse.
Tragédia.
As operações da Samarco estão suspensas desde o rompimento da barragem de Fundão, que ocorreu em 5 de novembro de 2015 em Mariana (MG). Na tragédia ambiental, considerada a maior do país, foram liberados mais de 60 milhões de metros cúbicos de rejeitos. O vazamento provocou devastação de vegetação nativa, poluição da Bacia do Rio Doce e destruição dos distritos de Bento Rodrigues, Paracatu e Gesteira, além de outras comunidades. No episódio, 19 pessoas morreram.
Dependência.
Em todo o país, considerando o que vai deixar de ser recolhido com tributos federais, estaduais e municipais, a perda com a paralisação da Samarco está estimada em R$ 989 milhões. “A Samarco também deixaria de exportar US$ 766 milhões neste ano, o que é muito ruim, considerando que o país vai deixar de gerar divisas”, analisa Eric Brasil.
Em dez anos, as perdas de faturamento poderiam alcançar R$ 52,7 bilhões. Já as perdas de arrecadação atingiriam R$ 11,8 bilhões em todo o país. Cada ano de inatividade da Samarco custa 3.209 empregos diretos e 11.322 indiretos. Sem a geração de 14.531 postos de trabalho, a Tendências Consultoria calcula que R$ 1,2 bilhão deixarão de circular na economia mineira.
“Como a empresa trabalha com alta tecnologia, tem uma média salarial maior. E, sem emprego, esse trabalhador deixa de gastar na padaria, no supermercado e na casa”, ressalta o coordenador da área de Estudos, Projetos e Pareceres da Tendências Eric Brasil.