Abril é o mês dedicado à conscientização sobre o espectro autista. Pessoas que possuem autismo podem manifestar déficit na comunicação social ou dificuldade na interação social, padrões restritos e repetitivos de comportamento, como movimentos contínuos, interesses fixos e hipo ou hipersensibilidade a estímulos sensoriais. Essas particularidades podem se apresentar em intensidades distintas. Geralmente o diagnóstico ocorre ainda na infância, no entanto, muitos casos de diagnóstico tem ocorrido em adultos.
De acordo com a professora Ana Amélia Cardoso, coordenadora do Programa de Atenção Interdisciplinar ao Autismo (Praia) da UFMG, com o desenvolvimento de pesquisas e aprimoramento dos critérios de identificação e mapeamento de sintomas, muitos homens e mulheres passaram a receber o diagnóstico de Transtornos do Espectro Autista (TEA) nos últimos anos, já na fase adulta. Mesmo que tardia, a descoberta pode oferecer alívio, leveza e qualidade de vida para a pessoa. Outro fato exposto por Ana Amélia é que a camuflagem do autismo pode acontecer em homens e mulheres, porém é mais comum entre elas, devido ao modo como as meninas são criadas para atender a expectativas sociais.
Selma Sueli Silva, 57 anos, foi diagnosticada em 2016, quando a sua filha, Sophia, também autista de alto funcionamento, apontou na mãe semelhanças de comportamento. Segundo Selma, o impacto do diagnóstico foi de suma importância para o seu autoconhecimento como mulher e mãe. Ao efetuar uma análise em sua vida de trás pra frente, a jornalista e escritora relembrou as dificuldades pelas quais tem passado desde a infância. “Eu passei a me respeitar, a respeitar os limites do meu corpo, a entender por que eu não gostava das festas da empresa e não me sentia bem nos eventos sociais”, afirma Selma.
Para o psiquiatra Alexandre Hatem, professor convidado na Especialização em TEA na UFMG, o diagnóstico é uma etapa fundamental para o tratamento, pois os adultos muitas vezes desenvolvem ansiedade, depressão e até mesmo dependência química em decorrência do transtorno, sem saber que ele pode ser o principal fator causador dessas doenças. “Já adultos, eles vão ao psiquiatra que trata essas comorbidades sem enxergar o cerne do espectro autista", destaca.