O câncer do colo do útero, também chamado de câncer cervical, é causado pela infecção persistente por alguns tipos do Papilomavírus Humano - HPV (chamados de tipos oncogênicos).
Exceto o câncer de pele não melanoma, o câncer do colo de útero é o terceiro tumor maligno mais frequente na população feminina (atrás do câncer de mama e do colorretal), e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil.
Professora titula de Citologia da Escola de Farmácia de Ouro Preto, Cláudia Martins Carneiro é farmacêutica e responsável pelo setor de Citologia no laboratório LAPAC/EFAR/UFOP. Claudia conversou com a nossa redação e explicou um pouco como funciona esse tratamento e diagnóstico da doença em nossa região “O LAPAC é um laboratório escola, ligado à Escola de Farmácia da UFOP que atende pacientes de Ouro Preto e Mariana. As ações de prevenção ao câncer do colo de útero são desenvolvidas no Setor de Citologia. Atendemos moradores de Ouro Preto, cidade e distritos, realizando exames que são solicitados pelos médicos das Unidades Básicas de Saúde como por exemplo, exames de controle de diabetes, controle de hipertensão e exames realizados no pré-natal. Atendemos também mulheres moradoras de Mariana e Ouro Preto, fazendo exames de prevenção de câncer ginecológico, o exame preventivo ou também conhecido como exame de Papanicolaou, solicitados por enfermeiros e médicos das Unidades Básicas de Saúde” explicou.
Causado por uma infecção persistente do papilomavírus humano (HPV) principalmente por seus subtipos chamados de oncogênicos, outros fatores de risco associados são: início precoce da atividade sexual, múltiplos parceiros, histórico de verrugas genitais, tabagismo e pacientes com doenças imunossupressoras. A infecção por HPV é bastante frequente e não evolui para a doença em grande parte das vezes, sendo combatida pelo sistema imunológico da paciente. Entretanto, quando há alterações celulares, os casos podem evoluir para o câncer. Essas alterações são descobertas facilmente no exame preventivo (conhecido também como Papanicolaou ou Papanicolau), e são curáveis na quase totalidade dos casos. Por isso, é importante a realização periódica desse exame.
Atualmente, existe a vacina contra o HPV. Ela é indicada para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos, além de pessoas que vivem com HIV e indivíduos transplantados na faixa etária de 9 a 26 anos. A vacinação é medida preventiva, não sendo eficaz contra infecções ou lesões por HPV já existentes.
A vacinação, o uso de preservativos em todas as relações sexuais e a realização periódica do exame preventivo são as medidas indicadas para prevenção do câncer de colo de útero. O uso de preservativo durante as relações sexuais é fundamental para diminuir o risco de transmissão e infecção pelo papilomavírus humano. A transmissão também pode ocorrer no parto. Segundo Cláudia esses métodos são extremamente importantes, “Os pacientes nos procuram para realizar exames que foram solicitados por médicos após uma consulta no posto de saúde. Pode ser um exame de sangue, de urina, de fezes. O atendimento é gratuito. No Setor de Citologia, que faz parte do LAPAC, recebemos as amostras para o exame preventivo, coletado nas Unidades Básicas de Saúde. O exame preventivo ou exame de Papanicolaou tem enorme importância no diagnóstico do Câncer de colo do útero pois neste exame o profissional de saúde (citologista) consegue encontrar alterações antes mesmo que se transformem em câncer, o que permite a realização do tratamento e cura da doença” explicou Cláudia.
Os sintomas são corrimento vaginal amarelado com odor desagradável, sangramentos menstruais irregulares e sangramento após a relação sexual, além de dores na região do baixo ventre. Nos estágios mais avançados, a paciente pode apresentar dores pélvicas de forte intensidade, anemia, dores em região lombar, alterações miccionais e no hábito intestinal.
Além da prevenção, diversos tratamentos podem ajudar, sobretudo quando já houver diagnóstico do tumor. Segundo o oncologista, as opções são procedimentos cirúrgicos, radioterapia, quimioterapia, braquiterapia (tipo de radioterapia interna, na qual o material radioativo é inserido dentro ou na região próxima ao órgão a ser tratado) ou a combinação dessas estratégias.
Perguntada sobre a quantidade de casos em nossa região a farmacêutica responde que não e que os diagnósticos precoce ajudam no tratamento eficaz “encontramos alterações em aproximadamente 3% dos exames, mas a maioria são lesões ou alterações iniciais que se tratadas em tempo não vão se tornar câncer” finalizou.