Elaborado por especialista da OMS e chineses, relatório sobre as origens da COVID-19 inclina-se, nesta segunda-feira (29), para a hipótese de uma transmissão do vírus aos seres humanos por meio de um animal intermediário infectado por um morcego e praticamente descarta a tese de que a pandemia se originou em um laboratório.
O relatório conjunto de especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) e chineses ocorre 15 meses após o surgimento dos primeiros casos em Wuhan, no centro da China, e depois que a pandemia já provocou ao menos 2,7 milhões de mortes em todo o mundo e devastou a economia planetária.
Neste momento, o número de infecções globais (mais de 126 milhões) continua aumentando devido a variantes mais contagiosas, que obrigam os países a tomarem medidas severas de restrição, como é o caso especialmente na Europa e na América Latina.
O relatório divulgado nesta segunda-feira não surpreende nem resolve o mistério da origem do vírus e destaca a necessidade de estudos adicionais para além da China. Neste sentindo, o diretor geral da OMS afirmou que todas as hipóteses levantadas no relatório merecem um estudo mais aprofundado, em uma primeira reação a este documento. "Todas as hipóteses estão sobre a mesa e merecem estudos mais aprofundados e abrangentes".
Para os especialistas, a transmissão do vírus da COVID-19 por um animal intermediário é uma hipótese "entre provável e muito provável". Eles se inclinam à teoria até agora aceita, de que o vírus foi provavelmente transmitido de um morcego para o Homem por meio de outro animal que ainda não foi identificado.
No entanto, a possibilidade de uma transmissão direta entre o animal inicial e o Homem ainda é considerada entre "possível e provável".
O relatório conclui, como os especialistas já haviam previsto ao final de sua missão na China em fevereiro, que é "extremamente improvável" que pandemia de coronavírus tenha sido provocada por um acidente ou fuga de patógenos de um laboratório. O governo do ex-presidente americano Donald Trump acusou o Instituto de Virologia de Wuhan, que pesquisa coronavírus muito perigosos, de ter deixado o vírus escapar, voluntária ou inadvertidamente.
Os especialistas afirmam que não estudaram a possibilidade de tal ato deliberado. As análises deste grupo de especialistas mundiais no local onde eclodiu a pandemia eram consideradas cruciais para combater esta pandemia e outras no futuro. Mas a missão teve muitos problemas para trabalhar devido à relutância das autoridades chinesas em receber esses especialistas mundiais.
Os especialistas apontam ainda que os estudos realizados no mercado Huanan de Wuhan e em outros mercados da cidade não serviram para encontrar "elementos que confirmassem a presença de animais infectados". "Devem acontecer investigações em áreas mais amplas e em um maior número de países", conclui o relatório. Por isso, a OMS pede paciência, porque as respostas vão demorar a chegar.