Nesta semana, os brasileiros começaram a ser vacinados contra a covid-19, uma vitória que está sendo muito comemorada no país, no entanto, nem todos os grupos serão imunizados neste primeiro momento. A prioridade são profissionais de saúde e os idosos com mais de 60 anos internados em casas de repouso . Mas e as crianças? Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, os teste da Coronavac não foram realizados em menores de 18 anos e, portanto, a vacina está contra-indicada para essa faixa etária.
Embora ainda sem data exata para acontecer nem critérios unificados para todo o território , sobram especulações e restam muitas dúvidas sobre o assunto. Entre elas, o fato de não se saber quando crianças, adolescentes e gestantes receberão a tão esperada dose.
Mas isso não é motivo de preocupação, tranquiliza o infectologista pediátrico Márcio Moreira, do Hospital Israelita Albert Einstein: “Cada grupo etário demanda nova avaliação para comprovar a eficácia da vacina de acordo com a resposta imunológica”, explica. Como é de praxe na produção de vacinas, os testes clínicos foram realizados primeiro nos mais velhos.
Ainda que o ideal seja vacinar todas as pessoas – ou o maior número de pessoas -, os grupos que terão prioridade num primeiro momento são aqueles com maior risco de complicações ou maior exposição ao vírus, como idosos e profissionais da saúde. Como adianta o especialista, “se a doença está comprometendo basicamente adultos, vaciná-los certamente terá um impacto positivo para todos”.
Em geral, o público infantil é menos suscetível à doença: infecta-se de duas a cinco vezes menos que os adultos; apresenta casos leves e baixa taxa de mortes por Covid-19 se comparado a outras faixas etárias; e não é considerado o principal agente de transmissão do vírus. Mas, “embora os casos em pediatria sejam menos graves, os pais devem vacinar as crianças (quando a vacinação chegar)”, reforça o infectologista.
A vacinação em crianças e adolescentes trás dúvida se haverá doses suficientes para imunizar os grupos selecionados e se haverá duas aplicações este ano, pois só agora alguns testes da vacina para este grupo estão em andamento enquanto outros laboratórios planejam iniciar o estudo em breve.
A Pfizer começou a testar a vacina em adolescentes a partir de 12 anos em outubro. A Moderna anunciou em dezembro que planejava iniciar os testes em adolescentes de 12 a 17 anos. A AstraZeneca informou que também incluirá em breve nos testes crianças entre cinco e 12 anos. Já o Instituto Butantan, que coordena o estudo clínico de fase 3 da Coronavac por aqui, está realizando testes apenas em maiores de 18 anos, mas, na China, voluntários entre três e 17 anos logo começarão a participar dos testes.