A Justiça mineira condenou o empresário, Antônio Azevedo dos Santos a 16 anos e seis meses de prisão por homicídio duplamente qualificado. Ele ocupou o banco dos réus após ser acusado pelo assassinato do marianense Guilherme Elias Veisac, em setembro de 2016. Após um adiamento de mais de três meses, o júri popular ocorreu no último dia 15, pouco antes 10h da manhã, no Fórum Lafayette, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Por volta das 11h, a namorada da vítima prestou depoimento. Segundo a assessoria do fórum, ela falou das ameaças e perseguições que começou a sofrer depois de terminar o relacionamento e também da noite do assassinato. Após o depoimento, que durou mais de uma hora, o juiz determinou, por volta das 12h10, um intervalo para o almoço. A sessão foi retomada às 13h30, seguindo os depoimentos. Três das cinco testemunhas previstas foram dispensadas.
O juiz que presidiu o júri acatou um pedido de pausa da Defesa e interrompeu as atividades mais uma vez. A retomada se deu às 17h30, quando começou o interrogatório do acusado. Segundo a Justiça, Antônio mudou a versão apresentada à polícia.
De acordo com as investigações, o homem descobriu que Guilherme e a ex-companheira mantinham um romance e resolveu cometer o crime. Antônio chegou a dizer que houve confronto com o casal antes da morte de Guilherme. Porém, desta vez, ele negou qualquer embate. Ainda de acordo com a Justiça, Antônio contou que foi armado ao apartamento da ex-namorada sem saber que Guilherme estava lá. A intenção seria descobrir o que estava acontecendo no local.
O réu teria dito, inclusive, que o disparo só ocorreu quando Guilherme se levantou do sofá-cama, já que ficou assustado, pensando que a vítima poderia iniciar uma briga. O homem afirmou, ainda, que merece pagar pelo crime, "mas não da maneira como o estão acusando".
Em 10 de setembro, Antônio chegou a se sentar no banco dos réus, mas o julgamento foi suspenso após uma confusão no Tribunal do Júri. Segundo a Justiça, o motivo principal do adiamento em mais de dois meses do júri foi que o advogado de defesa do réu, Ércio Quaresma, recusou-se a usar a máscara durante a sessão e não estava respeitando o distanciamento.
Inicialmente, a sessão foi remarcada para 17 de novembro, mas depois foi reagendada para esta terça-feira.
O crime
O crime aconteceu no dia 18 de setembro de 2016, no bairro Jardim Atlântico, na Região da Pampulha. De acordo com a denúncia do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por volta das 4h30, o empresário invadiu o apartamento da ex-companheira enquanto ela e Guilherme dormiam. A vítima foi morta com um tiro na região do tórax.
Segundo a família, ele namorava a ex-companheira do réu havia poucos meses quando foi assassinado.
As investigações apontaram que o réu monitorava as câmeras de segurança do prédio da ex-mulher por meio do celular. Ele foi síndico quando era casado e por isso tinha acesso às imagens do circuito interno de TV.
No dia 18 de setembro, ele teria visto a ex entrando no prédio com o namorado por meio das câmeras. Segundo a polícia, o suspeito desligou o sistema de segurança, cortou a tela de proteção da área privativa que dá acesso ao apartamento e surpreendeu o casal.
Na época do crime, o empresário teve a prisão decretada pela Justiça. Em 30 de setembro de 2016, ele chegou a se apresentar à polícia, mas não foi preso por causa da legislação eleitoral e depois não foi encontrado.
Em 16 de agosto de 2017, ele foi localizado em uma agência bancária da Região Oeste e detido.
Réu confesso
Na época do primeiro julgamento, o advogado Ércio Quaresma disse que não esperava absolvição. Durante a fase de inquérito, segundo a defesa, o empresário confessou o crime.
O júri
O julgamento, presidido pelo juiz Henrique Mendonça Schvartzman, foi realizado no 1º Tribunal do Júri. A sessão começou pouco antes das 10h desta terça-feira, com o sorteio de jurados. De acordo com a assessoria do fórum, sete mulheres formaram o conselho de sentença.
Antônio foi condenado por homicídio duplamente qualificado por motivo torpe e uso de recurso que impossibilitou defesa da vítima. O advogado Ércio Quaresma informou que já recorreu da decisão.
Guilherme tinha 32 anos e também era empresário. Formado em turismo, ele se preparava para fazer vestibular para engenharia geológica.
“Foi um crime brutal, foi desumano e completamente inesperado, O que eu mais lembro dele era o sorriso, era a marca registrada dele. Ele vivia sorrindo, ele era feliz, ele era alegre (...) O Guilherme era amigo, era companheiro, família. E ser assassinado brutalmente, da forma que foi, nos deixou e nos deixa muito chocados até hoje", disse a aposentada Marli Elias Veisac, que perdeu o filho há quatro anos.