O avanço de casos de Covid-19 vivenciado na capital também se espalha pelo interior de Minas Gerais. Nas últimas semanas, o cenário de piora foi confirmado no recuo da flexibilização de várias regiões do programa Minas Consciente, com seis macrorregiões na Onda Vermelha, e também na taxa de ocupação de UTIs, atualmente em 67,3%. A pressão mais impiedosa, no entanto, acontece porta adentro dos hospitais. Algumas cidades já apresentam taxas altas de ocupação de leitos e se articulam para tomar medidas que evitem o colapso da rede de saúde. A emissão de decretos municipais que restrinjam ou reorganizem o horário de funcionamento do comércio está entre as medidas possíveis.
Para evitar aglomeração de pessoas dentro dos supermercados nas compras das ceias de Natal e réveillon, a prefeitura de Mariana, Região Central de Minas Gerais, publicou no Diário Oficial Eletrônico do Município (DOEM) regras que estabelecem o rodízio de atendimento presencial por CPF. Pessoas com o último algarismo do CPF par poderão entrar nos supermercados nos dias pares e com o final ímpar, nos dias ímpares. A Resolução entra em vigor nesta quinta-feira (17/12) e vai até o dia 31 de dezembro.
De acordo com secretário de saúde, Danilo Brito das Dores, como neste fim de ano alguns eventos não serão realizados na cidade, as pessoas vão optar por confraternizações particulares e, com isso, a ida aos supermercados deverá aumentar.
“O Comitê Gestor viu a necessidade da medida. Não será preciso ir toda a família para as compras, basta um familiar para evitar aglomeração. Claro que isso só vai funcionar se a população cooperar”, destaca o secretário.
A lista apresentada na resolução é destinada aos nove maiores supermercados da cidade. A sócia/proprietária do supermercado SJ, Sinthya Jácome, conta que já teve esse tipo de experiência em outra cidade e acredita que não será difícil para o estabelecimento se adaptar às novas regras. “As pessoas vão precisar abastecer as casas para o final de ano, vamos colocar um fiscal na porta das lojas que vai checar o CPF de cada consumidor, um por um”.
A empresária acredita que o ideal seria que os supermercados ficassem mais tempo abertos para distribuir melhor o fluxo. “Com a diminuição do quadro de horário no transporte público, tive que adaptar o horário e fechar as lojas às 21h30 para os funcionários poderem voltar para casa”.
O gerente do Varejão Popular, Douglas Ramalho, viu com preocupação a nova medida que, segundo ele, afetará o comércio. “Vou acatar a norma e vou colocar um fiscal na porta da loja, mas acredito que as vendas vão cair durante esses dias”.
Outra preocupação que o gerente aponta é a possível aglomeração na porta do supermercado. “Sei que isso vai dar muita confusão, as pessoas não vão entender que terão que levar o documento para ser conferido e que só poderão entrar no dia certo. Aí, se forem dois membros da família para fazer uma compra maior e os CPF forem de dias diferentes, um vai ter que ficar esperando fora da loja”.
Segundo a Resolução, será de responsabilidade de cada estabelecimento garantir o cumprimento das medidas de distanciamento, higiene, uso obrigatório de máscaras dos clientes e funcionários, bem como a conferência dos números de CPF. Uma equipe da vigilância sanitária fará a fiscalização nos supermercados.
De acordo com a Secretaria de Saúde de Mariana, a medida foi tomada devido a permanência da cidade na onda amarela tanto na Microrregião quanto na Macrorregião do Plano Minas Consciente. Também foram analisadas, a disponibilidade de leitos UTI adulto, a proporção de leitos UTI adulto ocupados e a taxa de incidência de COVID-19 na cidade.