Tragédia que destruiu povoados inteiros nos municípios de Mariana e Barra Longa foi motivo de uma audiência pública para homenagear as vítimas e protestar contra a falta de reparações e de punições às empresas responsáveis.
Uma das reivindicações apresentadas durante a reunião foi a criação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar a Fundação Renova, a entidade criada pelas mineradoras Samarco, Vale e BHP Billiton para gerenciar as reparações aos atingidos pelo rompimento em Mariana.
A autora do pedido de CPI e representante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Tchenna Maso, afirmou que a investigação é necessária tendo em vista os amplos gastos da Renova com publicidade, serviços jurídicos e consultorias, e os resultados pífios apresentados. Segundo ela, o projeto da construção de um novo Bento Rodrigues, para substituir a comunidade destruída em Mariana, já teria consumido quase R$ 1 bilhão e apenas cinco casas teriam sido erguidas.
A deputada Andréia de Jesus afirmou que a finalidade da reunião foi justamente dar voz a esta e outras reivindicações das vítimas das duas maiores tragédias provocadas pelas empresas de mineração em Minas Gerais. “O obejtivo é dar visibilidade a quem até hoje é considerado indigente nesse processo”, disse a deputada.
Apesar de a tragédia de Mariana ser mais antiga, muitos dos participantes avaliaram que a reparação dos danos causados está mais atrasada do que no caso de Brumadinho. Todos os convidados atribuíram isso ao acordo judicial firmado em 2016 que delegou à Fundação Renova a coordenação das ações de reparação e compensação.
“São cinco anos de raposas tomando conta do galinheiro”, afirmou a assessora técnica independente Bianca Sousa, que atua em Governador Valadares (Rio Doce). As assessorias técnicas regionais são as únicas estruturas previstas no processo de reparação que podem ser definidas pelos atingidos. No caso de Brumadinho, todas as cinco regionais já estão em funcionamento. No caso de Mariana, em que o estrago chegou até o litoral do Espírito Santo, estavam previstas mais de 20 regionais. Apenas cinco foram criadas, até hoje.