Em LIVE realizada pelo Jornal e TV Ponto Final, o promotor de justiça Guilherme Meneghin compareceu para maiores esclarecimentos sobre o rompimento da Barragem de Fundão que completa 5 anos.
A tragédia que é considerada o maior crime socioambiental do Brasil continha 43,8 milhões de metros cúbicos de rejeito de minério, assassinando 19 pessoas e deixando, pelo menos, 1,9 milhão de pessoas atingidas ao longo da Bacia do Rio Doce, de Minas Gerais até o litoral do Espírito Santo.
Questionado pela moradora Adriana do bairro Rosário, Dr. Guilherme explicou questões como ressarcimento das vítimas atingidas pelo desastre “logo após o crime nós entramos com uma ação cautelar onde bloqueamos os bens da Samarco, um mês depois entramos com uma ação civil pública que é uma ação judicial de caráter coletivo onde você busca uma reparação de danos para um número grande de pessoas. Dentro dos pedidos está a indenização das famílias e também os auxílios financeiros que são pagos. Foram requeridos auxílios imediatos, e nós tivemos que criar esses direitos pode-se dizer assim dentro de uma ação coletiva. Esses auxílios são pagos mensalmente e só vão encerrar após a recuperação econômica que cada família tinha antes do desastre. É um direito adquirido que é muito importante porque garantiu a sustentação das famílias e também a casa alugada e lamentavelmente após conseguirmos concretizar esse direito ao auxílio financeiro muitas famílias não receberam porque a Fundação Renova ou a Samarco simplesmente parou de conceder o auxílio, mesmo a pessoa provando que era atingido. Cerca de 300 pessoas tiveram seu direito negado onde entramos com outras ações para contemplar essas famílias” explicou Meneghin.
Perguntado sobre qual o seu posicionamento em relação a criação da Fundação Renova o promotor responde “eu nunca acreditei na Renova em primeiro lugar. Quando o acordo que gerou a Renova foi feito pelo Governo Federal e Estadual e empresas, não chamaram nenhuma vítima, não chamaram os municípios que são as segundas maiores vítimas e não chamaram nem o Ministério Público. Um acordo feito nas trevas e que só foi divulgado quando já estava tudo resolvido. Eu percebi que seria ruim só não pensei que pudesse ser tão ruim”.
A Live contou com uma participação expressiva da população marianense que questionou, perguntou e também elogiou a atuação do promotor em defesa aos atingidos. Perguntado pela repórter do jornal, Cynthia Gonçalves, sobre como o promotor avalia os cinco anos à frente desse caso com inúmeras questões por resolver, Meneghin é enfático e ressalta que 95% da situação dos atingidos já poderia ter sido solucionada, “Eu acredito que 95% poderia já está resolvido se houvesse boa fé, eficiência, competência por parte das empresas, sobretudo, e da Fundação Renova. Eu não tenho dúvida disso. Basta dizer que tivemos que entrar com várias ações. Para quê tanta ação na justiça? Porque eles se recusam tanto? Porque querem restringir tanto o direito? Pra eles isso é mixaria, estamos falando de mais de 7 bilhões investidos no processo de reparação”.
Em decorrência aos cinco anos completados desse desastre ambiental ocorrido em Mariana deixando rastros por mais de 40 municípios Dr. Guilherme Meneghim faz uma apelo às empresas responsáveis pelo rompimento da Barragem de Fundão “Se coloquem no lugar das vítimas. A gente precisa voltar os olhos pra uma ideia de justiça onde a vítima tem uma posição de predominância e não os criminosos. Meu sentimento é que falta humildade para Renova no sentido de pedir perdão, o que acontece é muito grave não é brincadeira. A gente tem que ter um nível de honra que está faltando de hombridade, de humanidade de chegar os presidentes dessas três empresas que mataram 19 pessoas, dentre elas duas crianças, e causaram toda essa destruição e dizer: olha, nós pedimos perdão, erramos nesses cinco anos, nós pedimos perdão porque fizemos muita coisa errada e vamos melhorar. O meu sentimento é de que enquanto eles não tiverem essa humildade, nada vai melhorar” finalizou.