Nesta semana a empresa responsável pela obra de revitalização da Praça Gomes Freire (Jardim) cobriu com concreto um trecho de um calçamento centenário, que inclusive é tombado pelo Patrimônio Histórico.
A estrutura tem a largura da Rua Barão de Camargos, onde está localizada, e é feita de concreto. O local foi construído por escravos há centenas de anos. Em resposta ao Portal de Notícias G1, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) afirmou ter aprovado o projeto da intervenção na rua, mas que o resultado ficou como o planejado.
"Tem que trabalhar a acessibilidade compatível com a preservação do bem. Nesse caso, o resultado final não foi satisfatório. O Iphan já reviu sua postura, já solicitou que prefeitura, Renova e empresa revejam material da obra. A parte de cima está em quartzito, que vai dialogar com o piso proposto para a praça. Nossa orientação é que essa rampinha para chegar ao alteamento vai ser de paralelepípedo, como o calçamento da via", disse Débora do Nascimento França, superintendente do Iphan-MG.
.A Renova respondeu ao Ponto Final que irá acatar a revisão do IPHAN e realizar a adaptação no calçamento.
“A Fundação Renova esclarece que realizou a implantação de faixa elevada para travessia pedestres na rua Barão de Camargos, no centro histórico de Mariana. A intervenção faz parte do projeto de revitalização da Praça Gomes Freire, executada pela Fundação e tem por objetivo possibilitar a acessibilidade universal da praça.
A Fundação ressalta que todos os projetos de obras que estão sendo executadas pela instituição no centro histórico do município foram aprovados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e pela Prefeitura de Mariana. Tendo em vista o impacto da solução em relação aos aspectos de visibilidade e ambiência do conjunto, o IPHAN manifestou nesta data através de Ofício que deverá ser alterado o acabamento desta travessia. A Fundação Renova informa que irá acatar a revisão do IPHAN e realizar a adaptação no calçamento” afirmou a Renova em nota.
Em contato com o Iphan, o instituto voltou a afirmar que ao tomar ciência que o material usado não estava de acordo, pediu que fosse substituído.
“O projeto de alteamento previsto nas obras da Praça Gomes Freire, em Mariana, tem por finalidade a mobilidade e a acessibilidade universal, de acordo com a NBR 9050. Porém, ao tomar ciência de que o material usado não estava de acordo, o Escritório Técnico do Iphan em Mariana prontamente oficiou a Prefeitura e a Fundação Renova, gestora e executora da obra, respectivamente, para a substituição do material: as rampas acessíveis serão de seixos rolados, seguindo o padrão de pavimentação existente e a plataforma da travessia será executado em quartzito, seguindo o padrão de calçamento da praça.
Como bem pontuado no Caderno Técnico 9 do Iphan, “Nos centros históricos brasileiros, são frequentes os percursos íngremes, passeios estreitos, degraus, alguns trajetos inseguros, automóveis disputando espaço com os pedestres. Embora seu traçado original resulte de condicionantes do processo histórico, (…) seja por imposição da atividade econômica, como é o caso dos sítios mineradores de Minas Gerais e Goiás, nos dias atuais, a maioria dessas barreiras poderia ser reduzida mediante cuidados do poder público e de particulares para garantir o direito constitucional de ir e vir com segurança.
Neste sentido, e cientes do grande desafio que se coloca em conciliar acessibilidade com preservação do Patrimônio Cultural, foi pensada a obra de alteamento no centro de Mariana visando possibilitar o acesso universal a este bem.” enfatizou o Instituto.