Na noite de segunda-feira (14), o Jornal Ponto Final, por meio da TV Ponto Final, realizou uma Live sobre o Setembro Amarelo. A convidada para falar sobre a campanha foi a psicóloga Patricia Gomide, que atua no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) de Mariana.
A especialista iniciou a conversa explicando a origem do Setembro Amarelo. Ela conta que a campanha começou em 2015, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) estipulou 10 de setembro como dia de prevenção ao suicidio. O amarelo vem da história de um jovem estadunidense, de 17 anos, que reformou o seu carro e pintou de amarelo. Mike Emme reformou o seu Mustang na década de 90, em 1994 o jovem suicidou e em seu velório os pais distribuíram laços amarelos entre os presentes com um recado: “Se você precisar de ajuda, peça”.
Patricia chamou atenção para o cuidado ao tratar do assunto. Segundo ela, as pessoas devem sim falar sobre o sucidicio, mas sobre prevenir. A psicóloga ressalta que comentar métodos de suicidio ou repercutir casos que ocorreram não colaboram na prevenção e podem sim despertar “gatilhos”. “Conversar sobre o assunto é que é possível, é que é a melhor forma de prevenir que essas mortes aconteçam”.
“A pessoa pensa em se matar quando ela não enxerga solução pro problema. Muitas vezes nem é um desejo de morrer, é uma angústia porque ela não consegue resolver o problema dela e ela só vê a morte como solução” afirma a especialista ao explicar que o mais importante para essas pessoas é ter alguém que possa ouvir. Segundo ela, é importante que haja compreensão e que as pessoas busquem auxiliar na solução dos problemas e não culpabilizar.
Todos os profissionais de saúde estão aptos a receber e orientar pessoas que identifiquem pensamentos autodestrutivos. Os casos podem ser encaminhados ao CAPS, que faz atendimento de segunda a sexta. É importante salientar que em casos graves os pacientes são levados em caráter de urgência para o atendimento.
Pessoas depressivas são tristes, sozinhas e pessimistas?
Nem sempre. A explicação é que a depressão não deve ser estereotipada. De acordo com Priscila, a depressão é classificada em casos leves, moderados e graves. Uma pessoa com depressão leve costuma ter desânimo para tarefas básicas do dia, como tomar banho, lavar o cabelo, chora com frequência, se sente triste com muita frequência. O quadro moderado perpassa por questões de perda de apetite e os casos graves são diagnosticados com sinais de comportamentos suicidas e pensamentos suicidas.
Quais são as ações de prevenção ao suicidio desenvolvidas ao longo do ano em Mariana?
São realizados seminários com temas relacionados à saúde mental, sempre de forma gratuita e divulgado à população. Priscila falou sobre os grupos de familiares dos atendidos no CAPS, que exerciam um papel importante no tratamento dos pacientes, mas com a pandemia as reuniões foram suspensas.
Por prevenção, os atendimentos também vem ocorrendo de maneira remota. Video chamadas e chamadas de voz vem sendo utilizadas pelos especialistas. Para os pacientes que preferem o atendimento presencial, o CAPS retomou as atividades na sede.
Como faço pra buscar ajuda no CAPS?
O acolhimento é feito de segunda a sexta de 8h à 9h da manhã. O recomendado é que o paciente procure ajuda na unidade de saúde mais próxima de casa e que a partir desse primeiro atendimento, seja encaminhada ao CAPS.
Caso a pessoa não queira procurar ajuda, é possível que um familiar ou amigo possa agendar uma visita dos profissionais do CAPS na residência do paciente.
Falar é a melhor opção
“Deixe a pessoa a vontade pra falar. Se você conseguir ajudar, ajude. Se você não conseguir, busque ajuda. Estimule a pessoa a buscar ajuda profissional. Se você acha que é muito grave, busque você a ajuda, porque a morte é uma coisa que não tem volta” enfatizou Priscila ao final da Live. A psicóloga deu ainda a indicação do Centro de Valorização da Vida (CVV), uma ONG que faz atendimento via telefone, através do número 188, para dar suporte à pessoas que precisam de ajuda.