O isolamento social tem sido uma fase difícil para a grande maioria da população, especialmente para aqueles em idade escolar, que precisam continuar os estudos pela internet. A tarefa pode ser ainda mais complicada para quem possui o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). Mais comum em crianças e adolescentes, o TDAH atinge cerca de 3% a 5% de crianças em todo o mundo, permanecendo, em mais da metade dos casos, durante a fase adulta, porém com sintomas de inquietude mais brandos, de acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA).
Somente no ambulatório de TDAH do Hospital Infantil João Paulo II (HIJPII), da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), são atendidos cerca de 50 pacientes por mês, além dos atendimentos no Ambulatório de Neurologia Infantil da unidade, totalizando de 80 a 100 atendimentos mensais.
Além do popular sintoma de desatenção (ter dificuldade em manter o foco em tarefas ou atividades de lazer, se distrair facilmente com estímulos externos e não se atentar a detalhes) e de hiperatividade (não conseguir ficar quieto, falar muito, mexer muito os pés e as mãos, apresentar dificuldade de brincar de forma calma), o transtorno pode gerar sintomas de impulsividade e de esquecimento. Interromper os outros, ter dificuldade para esperar a vez, dar respostas precipitadas, perder materiais escolares, esquecer onde guardou objetos, não passar recados são alguns sinais.
Mudanças ambientais
De acordo com a neuropediatra do HIJPII, Mona Lisa Trindade, devido às mudanças ambientais geradas pela pandemia tem sido relatado, por pais de pacientes, um aumento nos sintomas de desatenção e hiperatividade, além do surgimento de sinais como ansiedade. “O isolamento social contribui para o agravamento dos sintomas porque aumenta o estresse mental. Além disso, algumas atividades, como aulas virtuais, exigem mais esforço de atenção que o habitual, em aulas presenciais”, explica a médica.