Apesar de os clubes de futebol da primeira divisão mineira já estarem retomando suas atividades de treinamento em ambiente controlado, com testes epidemiológicos frequentes e sistemáticos, ainda não há prazo definido para a retomada do campeonato mineiro, interrompido por causa da pandemia de Covid-19. O assunto foi discutido em reunião de Plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) na tarde de quarta-feira (3).
A reunião foi solicitada pelo presidente da Comissão de Esporte, Lazer e Juventude da ALMG, deputado Zé Guilherme (PP). O deputado disse que o retorno das competições é hoje defendido pela maioria dos atletas e que os clubes vêm se preparando mais para o retorno do que outras atividades econômicas. Mas ele admitiu que não é possível uma retomada imediata.
Curva de contágio crescente gera preocupação
A advertência mais contundente com relação ao retorno das atividades esportivas veio do médico infectologista Carlos Starling. Ele explicou que o Brasil está em uma fase totalmente diferente da Europa, onde a pandemia está perdendo força, tendo seu pico há cerca de um mês e meio. “Em Barbacena, Varginha, Uberaba e Uberlândia, o vírus está em franca ascensão, o oposto do que ocorre na Europa”, preocupou-se.
Segundo Starling, a gestão epidemiológica em Belo Horizonte trabalha para achatar de tal forma a curva de contágio que não haja pico da pandemia na Capital, para que o sistema de saúde consiga absorver a demanda durante todo o período.
Clubes detectaram pessoas infectadas em testes para treinamento
Os médicos responsáveis pelos três maiores clubes de futebol de Minas Gerais – América, Cruzeiro e Atlético – defenderam a preparação que já ocorre para um eventual retorno, mas também se mostraram reticentes sobre prazos.
Rodrigo Lasmar, médico do Atlético, disse que a testagem periódica de atletas e funcionários nas primeiras duas semanas de treinos depois da flexibilização do isolamento social já revelou pessoas que inicialmente não tinham indícios de Covid-19 e se infectaram posteriormente.
Cimar Eustáquio da Silva, médico do América, detalhou os protocolos que têm sido tomados nos treinos, que incluem testagem sistemática, kits individuais de treinos para os atletas, revezamentos de horários, entre outros. Daniel Baumfeld, médico do Cruzeiro, admitiu que muitas dessas medidas dificilmente poderão ser implementadas em jogos oficiais.