O mês de junho despontou frio. Do adro da igreja de São Pedro avista-se, altaneira, a silhueta recortada do Pico Itacolomy envolto em brumas. As neblinas da região mansamente envolvem tudo e a todos impregnando de magia e lirismo nossa paisagem serrana colonial. As cúpulas brancas do Carmo e São Francisco desfeitas na fria serração do vale prenunciam um novo inverno. A cidade vive um inusitado momento político. Algo que jamais presenciamos. Quem sabe não paira por sobre os telhados da antiga Vila do Carmo o espírito inquieto de João Ramos Filho, assassinado brutal e covardemente, sem defesa nenhuma, a nos perscrutar e revolver a política da cidade? Desde então Mariana perde-se em contínuos governos instáveis. Depois da soberana atuação de dois mandatos consecutivos de Celso Cota a cidade, praticamente, parou. Roque Camêllo, sem dúvida, um ícone de integridade e amor filial desvelado a essa terra, lamentavelmente teve seu início de governo conturbado, envolvido em obras inacabadas e processos banais que obrigaram-no a afastar-se do cargo secionando-lhe o tempo necessário de mostrar a que veio. Com certeza faria um respeitável e ótimo mandato. Terezinha Ramos, que o sucedeu, de notável carisma popular, apenas ficou no governo a dias de mudar o secretariado. Aliás, bom mesmo que fora assim. Abaixo os governos não legitimados nas urnas! Teresinha não precisa assumir a Prefeitura dessa forma, ela tem potencial de sobra para se eleger por si mesma sem necessidade de se valer dos antipáticos e impopulares conluios políticos. Bastaria ter um vice-prefeito que amasse verdadeiramente a cidade, sem que ameaçasse de derrubar cruelmente as moradias de nossa gente, comprometido com os anseios populares e que já tivesse um longo e comprovado trabalho de dedicação à Mariana. Nada mais. Tatão Coqueiro e Raimundo Horta, edis com cinco mandatos consecutivos, ambos, são ótimos exemplos de como se deve conviver em harmonia no meio político, se ajustando e indo de encontro às verdadeiras reivindicações da população. Mariana no atual governo provisório de Horta exala segurança, equilíbrio e sintonia perfeita com o poder Legislativo. De que mais precisamos? Vinte anos de vereança política deram a Raimundo Horta competência e idoneidade suficientes para administrar essa cidade fundado no amor daqueles verdadeiros homens que daqui partiram, mas que depositaram sua marca imperecível de denodado amor a essa terra feito os inesquecíveis Dom Oscar de Oliveira, Moura Santos, Lauro Morais, Monsenhor Vicente Diláscio e mais recentemente o nosso querido Cônego Paulo. A cidade ainda tem nomes de elevado amor e respeito à cidade tais como as admiráveis educadoras Hebe Rolla e Marly Moisés, o combativo Geraldo Zuzu, o historiador Rafael Arcanjo e o excelente textualista Antônio Freitas Neto, citando apenas alguns. Raimundo Horta faz parte desse seleto rol. Vinte anos consecutivos no Legislativo, muitas das vezes assumindo a sua presidência, são a veraz comprovação de seu bom currículo. Seu nome para as próximas eleições seria muito bem vindo. Que junho possa nos trazer melhores esperanças. Mariana não pode, mais, manter-se no bosque a dormir. Há que se despertar e seguir em frente. O mundo urge velocidade. Que o momento atual, irritadiço, em que a cidade ora se encontra imersa seja efêmero e passageiro tal qual as brumas que ora envolvem o Pico do Itacolomy, lá no alto!
Elias Layon