Republicação da Entrevista sobre o Câncer de Mama Publicada 04 de Março de 2011 - 10:19
JPF: Qual é a causa do câncer de mama?
Dr. Shinaider: O câncer, de maneira geral, surge devido a uma alteração genética sofrida por uma célula qualquer. Esta começa a proliferar de forma exarcebada, sem que o organismo consiga evitar isto.
Há vários fatores de risco para a ocorrênica desta alteração genética. Não há uma causa específica.
JPF: Quais são os sintomas principais?
Dr. Shinaider: Os principais sintomas são os nódulos mamários, alteração na conformação da mama, secreção saindo pelo mamilo ou alguma alteração na pele do mamilo.
Inicialmente o câncer de mama não causa dor. O objetivo do rastreamento do câncer de mama é diagnosticar uma lesão antes que esta apresente algum sintoma. Este rastreamento consiste no exame clínico e mamografia anuais em mulheres a partir dos 40 anos de idade.
JPF: Quais são os tipos de tratamento?
Dr. Shinaider: O tratamento varia bastante com os diversos estágios em que se encontra a doença. Em lesões iniciais, pode-se ressecar a lesão e fazer radioterapia apenas. Já em lesões avançadas usamos mão de quatro abordagens: quimioterapia, cirurgia, radioterapia e talvez tratamento hormonal.
JPF: Além das mamografias, existem outros tipos de prevenção?
Dr. Shinaider: Existem duas vertentes de prevenção, a primária e a secundária.
A prevenção primária tem como objetivo evitar a formação do câncer. Ela se baseia em um hábito de vida saudável: prática de atividade física, evitar o consumo de álcool, evitar o consumo de gordura (principalmente animal), e manter uma dieta rica em vegetais e fibras. Há, também, estudos mostrando que ter o primeiro filho antes dos 30 anos de idade previne contra o câncer de mama.
A prevenção secundária tem como objetivo o diagnóstico precoce do câncer, evitando lesões em estado avançado. Seria o rastreamento já informado: exame clínico das mamas por um profissional de saúde treinado e mamografia anuais em mulheres a partir do 40 anos de idade.
JPF: Em Mariana tiveram alguns casos de câncer em mulheres com menos de 30 anos de idade. Por que isso acontece e quais são os riscos?
Dr. Shinaider: Câncer de mama em mulheres jovens não é comum. Geralmente encontramos estes casos em famílias que possuem uma mutação genética familiar (BRCA1 ou BRCA2 por exemplo). A mulher jovem tem um prognóstico pior, e maior chance de recidiva da doença. Entende-se recidiva como novo aparecimento da doença em paciente previamente tratada.
JPF: A área mineradora na qual moramos pode influenciar ou prejudicar o câncer de mama?
Dr. Shinaider: Não há estudos relacionando câncer de mama e alguma ocupação específica.
JPF: Uma pessoa que adquiriu a doença leva, em média, quanto tempo para ficar curada?
Dr. Shinaider: Não gosto de usar a palavra cura. O câncer de mama tem tratamento. A mulher por ser tratada corretamente, ter vários anos de vida sem apresentar recidivas e falecer por outra causa. Se alguém quiser chamar de cura, tudo bem, eu prefiro chamar de controle da doença.
JPF: Existem novas descobertas feitas recentemente sobre a doença e seu tratamento?
Dr. Shinaider: A Mastologia é uma ciência dinâmica, com vários trabalhos sendo publicados continuamente. Principalmente sobre quimioterapia. Antigamente, ao se falar em câncer de mama, pensava-se em mutilação. Hoje, dependendo dos estágio da doença, pode-se retirar um setor da mama e 1 ou dois linfonodos da axila, sem mutilação alguma.
JPF: A maioria das mulheres também tem medo da mamografia, de sentir dor e pela vergonha também. O que o senhor acha, tem razão para esse medo?
Dr. Shinaider Este medo deve ser superado. Muitas mulheres, por medo do diagnóstico de câncer não procuram atendimento. Com isso perdem a chance de serem diagnosticadas em estágio inicial e receberem um tratamento menos agressivo.
NOTA DA REDAÇÃO
A entrevista foi republica devido a ética que o PONTO FINAL tem com seus leitores e as reclamações do Médico, que afirmou se sentir constrangido com a forma como ela foi impressa mesmo depois de ter elogiado a matéria com uma de suas pacientes. O Jornal Ponto Final, por sua vez, esclarece que a entrevista foi transmitida de acordo com as gravações das respostas, e que as mesmas foram colocadas sem alterações em seu conteúdo. Usamos esse procedimento justamente para que não haja divergências desse tipo, não tendo responsabilidade alguma o Ponto Final da matéria publicada anteriormente, visto que, podendo ser constatada na gravação, foram transpassadas de acordo com as resposta do próprio médico. A entrevista que está sendo republicada não difere da anterior em relação às informações que fornece, porém, foi enviada pelo médico de forma mais objetiva. Com o intuito de não prejudicar ao Mastologista, nem aos leitores, e a pedido do mesmo, achamos melhor republicá-la, mesmo tendo recebido em nossa Redação diversos elogios à entrevista anterior. Frisamos nosso compromisso com a informação e esperamos desta forma fazê-lo da melhor maneira possível.