Acessibilidade para deficientes é zero em Mariana Publicada 04 de Março de 2011 - 10:10
Recebemos em nosso semanário Andersom Luiz Dias (35), deficiente visual, morador do distrito de Águas Claras há 25 anos, que nos procurou para questionar a situação que encontram as ruas de Mariana. “Acho que posso falar em geral, pois enfrento muitos problemas pela falta de acessibilidade, de apoio. Já entrei em contato com vários órgãos para saber o que eles podem fazer para melhorar a acessibilidade, me disseram que estavam fazendo, mas que era muito difícil”.
Anderson adquiriu a cegueira por consequência de um glaucoma (afecção do olho caracterizada pelo aumento da pressão intraocular, que provoca uma diminuição da visão até mesmo a sua perda), e desde então vem encontrando dificuldades em sua rotina. Em depoimento, Anderson fala de problema que já enfrentou, e que ainda enfrenta pelo fato de sua deficiência. Um dos obstáculos que ele vem enfrentando é não estar conseguindo se ingressar em um curso de computação pelo “Programa Inclusão Social”, que tenta há cerca de cinco anos.
“Procurei o judiciário para ver se encontrava alguma solução movendo uma ação contra o município de Mariana e a Prefeitura de Mariana respondeu que: “Em resposta a ACP nº 0046053-20.2010.8.13.0400, movida pelo Ministério Público Estadual em face de Anderson Luiz Dias, informo que o equipamento utilizado para inclusão digital de deficientes visuais encontra-se nesta data, em perfeito estado de funcionamento e possui acesso e irrestrito à internet”, mas sempre que vou até lá me dizem que não está disponível”.
“A vida de um deficiente em uma cidade como Mariana é muito difícil, pois já somos limitados em alguns aspectos, e quando tentamos seguir em frente a própria cidade nos limita”.
Anderson nos conta alguns dos episódios que aconteceram com ele em relação a acessibilidade: “- uma vez, estava passando pelo terminal, e tinha uma pedra solta, eu não consegui tatear, não reconheci a falta da pedra e minha perna entrou quase toda dentro dele. Fui na Secretaria de Obras para relatar, para ver se alguma providência poderia ser tomada, e não fizeram muito caso, mas disseram que iriam mandar resolver. Questionei em relação aos outros buracos e disseram que providências seriam tomadas e ‘até ontem’ nada foi feito.
Problemas como o de Anderson é comum em várias cidades brasileiras, as condições para melhor acessibilidade são sempre bem vindas, mas é muito difícil de consegui-las. Cidades apontam várias normas de acessibilidade que não são cumpridas, dificultando a locomoção e até a localização dos portadores de necessidades especiais. Para Anderson, campanhas de conscientização deveriam ser realizadas na cidade para que as pessoas compreendessem melhor as necessidades de cadeirantes e de portadores de outras deficiências. “Só assim conseguiríamos cumprir todas as exigências. Não só por ser lei, mas por respeito ao próximo”, diz.
Um dos vários questionamentos também feitos não somente em Mariana, mas em muitas outras cidades é a questão do semáforo sonoro (semáforos que possuem dispositivos que informa ao deficiente visual o momento da travessia ou a espera). “Isso iria melhorar muito na nossa locomoção, sem falar na segurança que isso iria trazer” diz Anderson.
Anderson finaliza dizendo que a questão da acessibilidade em Mariana não iria beneficiar apenas aos deficientes. “Quando procuro que melhorem as ruas, as calçadas, os meios de locomoção, não são apenas para os deficientes, não é apenas para mim, são para os idosos, para as grávidas, para as crianças e para todos, pois nós pagamos nossos impostos e merecemos viver em uma cidade em que a acessibilidade faz parte de nossas vidas”, finaliza.
Entramos em contato com o DEMUTRAN por meio de um ofício, através da Assessoria de Comunicação da Prefeitura, com intuito de saber se existem projetos a serem implantados para melhoria da acessibilidade e até o fechamento desta edição não obtivemos retorno.