Dias atrás li uma coluna em um determinado jornal que seu título era: “A alegria é um produto de mercado”, e ao ler vi realmente como nós, seres humanos, ‘achamos’ da vida. Certos trechos, que vou compartilhar com vocês, me chamaram muita atenção: Antigamente, Carnaval vinha aos poucos, junto com a cigarra e o imenso verão... Hoje, o Carnaval se anuncia como um prenúncio de calamidade pública, uma ‘selva de epiléticos’, com massas se esmagando para provar nossa felicidade. A alegria natural do brasileiro foi transformada em produto... É proibido sofrer, temos de funcionar, de rir, de gozar, de ser belos, magros, chiques, em suma, temos de ter qualidade total... Minha vontade é de apresentar todo o texto pra vocês, mas creio eu que somente este trechinho já os dá a idéia de como nós, humanos, estamos nos transformando realmente em produtos. Para sair de casa é feito um ritual, roupas, cabelos, pele, maquiagem, cheiro, tudo isto para mostrar - Eu sou assim, e sucessivamente: vocês me aceitam assim? Para uma entrevista de emprego, mais uma vez usa-se o mesmo rito e mais uma vez no final é a mesma pergunta: vocês me aceitam assim? Embalagens. Simplesmente nós mesmos nos transformamos em produtos e nós mesmos nos embalamos. Nesta época do ano é a que mais expomos nossos produtos, saias curtas, bíceps ‘definidíssimos’, e ai entra-se o novo rito: o da conquista, ou melhor, o da sedução. Parece que as pessoas entram em um frenesi, sede de gente, de produto, e é ai que volta em mim a saudade do carnaval de quando era criança, quando emanávamos alegrias brincando, e não fazendo danças do acasalamento. Depois que li a coluna não consigo parar de me perguntar: Como nos tornamos produtos? Sinto que somos inebriados pela moda, achamos que estamos levando uma ótima vida livres, quando nos comportamos artificialmente como robôs, caindo no conto dos desgastados com comportamentos ‘felizes’. Enganados perdemos o mistério da vida, sua luminosidade, sua beleza. Então, o que você é?Raissa Alvarenga