A Revista Veja do dia 09 de fevereiro de 2011, divulgou um exemplo raríssimo de atitude parlamentar, que abriu mão de receber verbas e mordomias proporcionadas e inerentes ao cargo ocupado: os 14° e 15° salários (chamados de “ajuda de custo”); diminuiu também o número de assessores em seu gabinete, cortou gastos com salários de assessores e dispensou ainda auxílio-moradia e de passagens aéreas. Li a reportagem com os olhos ávidos e atentos, três vezes consecutivas. Abaixei o volume do som de música clássica; às vezes, fico tocada pelo ritmo inebriante e me entrego de corpo e alma, ao toque triunfal do piano. Os acordes sinfônicos me transportam para o estado mais puro de contemplação pela genialidade artística do músico. A música toca todos os poros de meu corpo e de minha alma. Viajo para lugares inabitáveis e irreais... Abaixei o volume do som, continuei a leitura mais atenta e mais incrédula, também. Os acordes de piano eram similares a um sussurro nos ouvidos. O clima quase angelical compactuava com o texto. – Sim! Esse Deputado, existe! Olhos e ouvidos estão tão condicionados e acostumados a ler e ouvir sobre escândalos, brigas, desvios de dinheiro, de verbas (etc.); mordomias, salários altíssimos, ajuda de custos exorbitantes, alto custo para os cofres públicos, pela manutenção “decente” e luxuosa da vida de um parlamentar, que logo desacreditei no que estava lendo. Prossegui a leitura indignada com os valores a que os deputados têm direito, sem contar, ou melhor, descontar de seus salários: 60.000 reais (sessenta mil reais) para contratar até 25 assessores (cada assessor teria um salário de mais ou menos 2.400 reais); cota para custear gastos parlamentares que vão de 20.030 reais a 34.000 reais MENSAIS, para pagar despesas com passagens aéreas, selos, telefone, combustível, consultorias, etc.. É dinheiro demais, segundo o deputado brasiliense que argumentou: “esse foi um compromisso com meu eleitor. Não acho que seja correto que um deputado tenha direito a salários extras. Todo trabalhador recebe 13 salários por ano... O número de assessores a que um parlamentar tem direito é excessivo. Nós precisamos de bons técnicos para exercer um mandato digno. Agora, 25 assessores... Se todo mundo vier trabalhar, o gabinete não comporta nem a metade”... O jovem deputado de 38 anos, com essas medidas economizará para os cofres públicos, segundo a Revista Veja, 2,4 milhões de reais nos quatro anos. – Sim, prezados leitores! Economia de apenas 01 (um) parlamentar federal; atualmente a câmara “abriga” 513 (quinhentos e treze). Se todos seguissem o exemplo do jovem político, a economia seria de 1,2 bilhões durante os próximos quatro anos. Esse valor poderia, disse “poderia”, ser investido em tantas áreas deficientes e empobrecidas de verbas e de investimentos no Governo. Aumentei o som da música clássica para bailar junto com as ideias que surgiam, mesclada à leitura do texto que despertava em mim, desejo de valsar ali mesmo, no escritório de minha residência, tamanho meu contentamento. – É! Precisamos de exemplos em nosso país, para não ler um texto no início e pensar que é mais uma pegadinha, ou ironia jornalística, ou apenas sonhos de brasileiros e de brasileiras, que sobrevivem às duras penas; sem dinheiro no final do mês, ou com o dinheiro “contadinho” para o mercado; sem nunca ter se dado a um luxo na vida; nunca ter tido oportunidade de conhecer outros lugares, nem de conhecer o mar (ouvi um aposentado de cidade interiorana, no final da vida, desejando isso, com os olhos marejados). Desejo avidamente, com a mesma paixão que pulsa e inebria meus sentimentos ao escutar os acordes de uma sinfonia, ler mais artigos em revistas ou jornais e constatar de fato, que esse homem existe, mesmo. Seu nome é José Antônio Reguffe, exemplo para outros exemplos...Andreia Aparecida Silva Donadon Leal - Deia Leal - Mestranda em Literatra-Culura & Sociedade pela UFV