Em entrevista à Rádio Mariana, Pedro do Eldorado soltou o verbo e avaliou a política em Mariana; confira a entrevista abaixo.
Rádio Mariana: Pedro, por quanto tempo você assumiu a Câmara Municipal? O que você enxergou de certo e errado nesse período?
Pedro: Eu assumi a Câmara Municipal interinamente por sete meses, ocupando a vaga do amigo Raimundo Horta, que se encontrou interinamente também no Executivo marianense. Eu tive uma boa recepção na Câmara a partir do dia que lá eu cheguei e uma das coisas que durante esse tempo é que na verdade são passadas muitas leis e aprovadas, e essas leis muitas vezes são pouco cumpridas ou muitas vezes, até mesmo, esquecidas posteriormente às aprovações dessas leis. Então eu acho que na verdade nós estamos precisando de cumprir mais um pouco das leis que são sancionadas.
R.M.: O titular da sua cadeira manteve um relacionamento cordial com você ou esvaziou seu trabalho na Câmara Municipal?
P.: Muito pelo contrário, a sua pergunta nos deixa até tranquilo para uma resposta, porque o Raimundo Horta quando assumiu o Executivo, teve uma abertura com todos os vereadores, nos dando o direito de estarmos diretamente com todos os secretários e que aqueles assuntos que a gente deveria procurar resolver, não havia necessidade de levar até o Executivo e a gente levava diretamente até os Secretários, onde ali com certeza algumas das reivindicações feitas diretas eram atendidas. Nós tivemos um relacionamento muito grande com Targino que foi nosso Secretário de Obra, ao qual quero mandar um grande abraço, foi uma pessoa que muito contribuiu para todos nós aqui no município, durante os dez anos que ele esteve aqui na cidade de Mariana. Sempre preocupado realmente em trazer as melhorias, a qualidade de vida para nosso povo marianense.
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R. M.: Você é tido como quem está sempre ao lado do Poder, como você explica isso?
P.: O que eu quero dizer é o seguinte: que quando a gente está sempre ao lado do Poder, como você diz, eu sou uma pessoa um pouco estudada, fiz o meu 2° Grau ainda está incompleto, mas eu aprendi dentro da política e meus 16 anos de vida pública a trabalhar para o povo e não trabalhar para mim. É por isso que eu sempre procuro estar ao lado de um governo, sempre de governos coerentes, tive o prazer de trabalhar com João Ramos Filho, onde iniciei a minha carreira política como funcionário público, fui Secretário de Compras, Materiais, Patrimônio e Almoxarifado e era dali que eu comprava da água mineral que o Prefeito tomava até a luva de borracha que um servente usava e, tudo ali se passava em minhas mãos na época, em 1993, a gente não contava ainda com computadores, então existia dificuldades, mas pode ter certeza que durante o Governo do João Ramos todas as casas populares, das obras que foram feitas, todos os materiais adquiridos foram passados através da minha pessoa, que além de Secretário de Compras ainda era o Presidente da Comissão Municipal de Licitação.
R.M.: Você foi João Ramos, Celso, Roque, Raimundo. E agora ta apoiando quem?
P.: Essa pergunta é louvável também, porque na verdade também eu fui João Ramos como acabei de dizer agora, fui o Celso, fui o Raimundo, fui também o Roque e na verdade, eu também sou, na verdade, administração atual, desde que a administração atual faça uma administração voltada para o povo, como esses citados aí atrás fizeram. Então, eu estou sempre ao lado do Governo que seja o Governo do povo e não o Governo de uns e outros, quando o Governo passa a ser um Governo que vem a fazer distinção de uns e outros, eu não sou e não faço parte desse Governo.
RM: Quando houve eleição para presidência, o seu voto foi nulo, por quê? Você é contra o atual Presidente da Câmara?
P: Eu dei o meu voto nulo, eu inclusive justifiquei o meu voto no dia das eleições, o meu voto é um voto sim, é político como eu acabei de dizer, que a política pra é mim é política quando é voltada à todos e não voltada à meia dúzia, e as eleições da Câmara começaram na verdade com duas chapas, inclusive, se eu soubesse do resultado dessa chapa, teria votado naquela primeira chapa que chegou a Câmara, que foi a chapa onde elegeria o Sr ‘Nego’, Presidente da Câmara e, hoje ele estaria no Executivo, o por quê eu faria isso? Eu faria com a maior tranquilidade, porque o Sr ‘Nego’ na verdade, ele tem cinco mandatos, então é um vereador de experiência, é um vereador que conviveu desde as épocas da política do João Ramos de 1993 e é uma pessoa também muito querida do povo, nós sabemos disso. Agora se nós tínhamos duas chapas, eu acho que o resultado real, ele seria uma votação de seis votos favorável às chapas e quatro contra, porque nós assistimos ali vereadores que não apoiavam a chapa do Sr ‘Nego’, e de repente eu vi que todos os vereadores que ali estavam, exceto a minha pessoa, apoiaram um vereador que nem mesmo tinha composto chapa que era o Vereador Bambú. Eu acho que isso é um mérito dele, sem dúvida nenhuma, foi um grande trabalho político, articulação política do Bambú, até dou os parabéns pra ele por ter conseguido chegar a Presidente de Câmara, sem nem mesmo o nome ter colocado em nenhuma composição de chapa.
R.M.: Como foi a administração do Vereador-Presidente Leitão ao impedir a votação para eleger o ‘Nego’ de Cachoeira como Prefeito?
P: O nosso ex-presidente da Câmara, Leitão, é uma pessoa que a gente tem o máximo de respeito por ele, conduziu durante o tempo que eu estive interino a Câmara com muita responsabilidade, muita sinceridade também, muita lealdade. Eu acho que ele não teve feito nenhum golpe pra que isso não acontecesse, nós estávamos na verdade com vários projetos ainda para serem lidos, para serem aprovados e o nosso tempo realmente estava curto. Aquilo não foi um golpe, aquilo foi uma necessidade...
R.M.: Qual a sua avaliação das atitudes administrativas do Bambu?
P.: Realmente isso aí gente tem que dizer que eu estava dentro da Câmara nesses sete meses, fui até do mandato do primeiro biênio da Mesa Diretora, e me abismou, de verdade, eu poder ver uma chamada Reforma Administrativa feita da forma como foi feita. Os vereadores estavam em recesso, faltava um vereador pra esse voto e na verdade só tínhamos nove vereadores. Aí eu te pergunto: Por que não foi chamado o Suplente? Que seria o suplente do Vereador Bambu, que também teria o seu voto que seria um voto de qualquer forma, para completar dez. Nossa Câmara vinha composta por dez vereadores, só votaram nove, com menos de 15 dias a Câmara estava em recesso, chamaram a Câmara para uma Reunião Extraordinária pra poder votar. Eu acho que poderia ser tranquilamente, ter esperado que terminasse o recesso do Legislativo, eu acho que os vereadores na verdade não tiveram tempo nem de ver aquilo que estava sendo votado. Eu, na verdade, não concordei com essa atitude que foi feita essa Reforma Administrativa e, outra coisa: acabaram com a Secretaria de Segurança Pública, Secretaria de Defesa Civil, são obras que na verdade são obras essenciais da nossa cidade, nós demoramos tanto a criar uma Secretaria de Segurança Pública onde temos, aí hoje os nossos Guardas Municipais que estão aí sem saber, na verdade, o que fazer. Vi na matéria de semana passada, onde questionaram até o ex- Prefeito Celso Cota quanto à questão da Segurança, tiraram as algemas do Guarda Municipal, eu acho que isso aí são atitudes radicais que poderiam ser mais bem estudadas, eu acho que está muito cedo pra eles fazerem isso. Eu participei diretamente da criação da primeira turma da Guarda Municipal, junto ao Celso Cota, ao Tenente Feitas, ao qual eu mando abraço em nome de todo povo aí de Cachoeira do Brumado, é uma pessoa também que teve o nosso respeito durante esse tempo e, o que eu quero dizer pra vocês é que, na verdade, a Guarda Municipal está aí meio jogada, ela tem hoje uma Associação, é hora de procurar, e também os seus direitos, eu acho que está na hora de cada um procurar saber isso e também do Prefeito rever essa questão da Secretaria, porque nós vimos aí em outros estados as calamidades que houveram com chuvas, com barrancos. Mariana também é passível de tudo isso e, se isso vier a acontecer você vai procurar hoje a Defesa Civil, ou se vai procurar a Secretaria de Segurança Municipal, eu acho que aí na verdade foi um ato pouco pensado, eu tenho certeza que isso vai ser revisto por essa nova administração que a gente tem.
R.M.: Você tem algum problema com a pessoa do Bambu?
P.: Não, de forma nenhuma. Muito pelo contrário, a minha amizade pessoal com o Bambu eu tenho, tanto com ele como todos seus familiares.
R.M.: O que você acha da situação de Mariana nos dias de hoje, praticamente sem Prefeito? São as palavras do César na Colina.
P.: Até em parte concordo com você, porque eu acho que esse imbrólio político na nossa cidade é a única cidade que continua ainda com esse entra, e sai e eu digo pra você: apesar de tudo eu não sou favorável a isso não, porque a cada administração, a cada Prefeito que muda, muda - se os Secretários são indenizações feitas aos antigos secretários, novas contratações. Então eu acho que, na verdade, ta nora sim de a gente ter uma decisão judicial pra que acabe esse imbrólio político e que nas próximas eleições a Justiça consiga definir os candidatos que estão aptos ou inaptos, pra que não ocorra mais esse tipo de coisa na nossa cidade de Mariana que realmente está se tornando uma vergonha.
R.M.: Como o Prefeito explica o nepotismo dentro da Prefeitura, já que a família dele está em peso dentro da Prefeitura e, por que os bairros São Pedro, Catete, Dom Silvério, Cabanas e Chácara estão sem água há três dias?
P.: A gente tem essas informações aí através da boca do povo, de que tem os parentes dele lá, eu acho que o Geraldo Sales, o Bambu, no meu tempo em que seu estava do lado dele, junto com Marcelo Macedo, era uma das pessoas que muito pregava ser contra o nepotismo e eu acredito que se isso tiver acontecendo, ele sabe o que a Lei pode trazer pra ele, a improbidade administrativa, a forma dele ser punido. Eu não acredito que ele vai cometer esse tipo de ato, e a questão da água, mais uma vez, precisa- se de rever a captação da água e não reservatório de água.
R.M.: Como o senhor vê a Câmara toda comprometida com o Executivo, inclusive Raimundo Horta, Juliano Duarte, Reginaldo, enfim vários vereadores, para onde vão os representantes do povo?
P.: É, isso aí realmente me deixou preocupado na própria eleição da Câmara, como eu disse na matéria do Jornal Ponto Final. Foi demonstrado claramente a forma que foi feita a condução de um membro do Legislativo, para o Executivo e se comprometeu totalmente com o Legislativo. Os Vereadores realmente se comprometeram, comprometeram seus votos, isso é uma opinião minha particular, eu me senti dessa forma, que houve realmente comprometimento, eu também recebi propostas de Secretarias, pra poder votar no Presidente e isso aí não é uma coisa de minha ética, eu preferi ficar de fora. Como eu disse no meu último dia que eu sairia e ficaria mais perto da minha família, curtindo a minha netinha, quero mandar um abraço muito carinhoso pra ela.
R.M.: Qual o recado você deixa para os ouvintes da Rádio Mariana a respeito dessa instabilidade política em Mariana? Mas eu queria te perguntar antes: 2012 tem eleição e, com certeza, você vem candidato novamente e gostaria que no final você deixasse uma mensagem pros marianenses que estão ouvindo agora.
P.: Não de muita vontade de minha família, porque a política lá em casa ela core mais é no meu sangue; minhas filhas, minha esposa elas não são muito favoráveis de que eu esteja em política, mas eu sempre me senti comprometido com o povo da cidade. Eu ainda quero, eu tenho certeza, que eu tenho muito a fazer ainda por esse povo, que seja no meu Legislativo, que seja trabalhando como Secretário, como Coordenador no meu Executivo e eu sei que muitas pessoas lá fora, nos agradecem pelos atos que a gente faz, não por favor, mas por uma obrigação, porque como funcionário público realmente nós estamos recebendo pra isso.
R.M.: Você tem cinco minutos para suas considerações finais.
P.: Gilson Júnior, mais uma vez, a você e ao Francisco Squarcio que são pessoas que estão sempre de braços abertos, recebendo todas as questões, todas as denúncias, mostrando todos os dias a situação da nossa cidade. Eu quero realmente pedir ao nosso Poder Judiciário, que trabalhe em cima dessas questões, dessa nossa política que está um pouquinho embolada na cidade, que a gente costuma deitar com um Prefeito, levantar com outro. Então eu acho que está na hora de acabar com isso, o povo de Mariana também aceitar aquele que foi delegado pelo povo. Nós temos aí o Roque que esteve a frente da Administração, por questões judiciais ele foi afastado e veio o Raimundo, que também trabalhou, fez a sua parte, agora veio a Terezinha que também pelo mesmo motivo foi afastada. Entrou agora o Bambu, que faça uma administração coerente com o povo, atendendo as necessidades do povo marianense. Eu não estou aqui pra denegrir a imagem de quem quer que seja, que esteja no Poder Executivo, pelo contrário, o que a gente quer ver é que a pessoa que entre ali mostre a capacidade e a competência que realmente está assumido, que eu só assumo aquilo que eu posso fazer. Então acho que cada um entre e faça uma boa administração, se a justiça amanhã determinar que a Terezinha possa voltar, que o povo aceite, independente de política, de credo e de cor e, vamos aceitar a política da forma que ela é, pelo menos é uma política que foi determinada com uma votação do povo, é o povo que tem que escolher os nossos governantes. Então a todos vocês marianenses eu quero deixar um abraço muito carinhoso, quero pedir realmente a nossa administração que faça uma boa administração, agora as coisas que ocorrerem de errado tenham a certeza: eu estou aqui e vou cobrar, seja de quem for e da forma que for.
R.M.: Se as eleições fossem hoje, teremos candidatos: Celso Cota, Marco Mól, Bambu, Dú, Terezinha e Jamil, quem você acompanharia?
P.: Com toda certeza hoje eu acompanharia Celso Cota, é um dos únicos que eu posso chegar a comparar, um Prefeito que eu já admirei muito nessa cidade, tenho admiração pela pessoa dele, que Deus dê a ele um bom lugar e tenho certeza que toda Mariana agradece as coisas que João Ramos fez por ele. Então após a ida do João ao braços de Deus, pode ter certeza que hoje, até agora, por motivo político, por conhecimento e acreditar no político, eu ainda voto no Celso Cota.