Pelo menos 3,8 mil empregos serão gerados de Mariana ao município de Santa Cruz do Escalvado até 2020. O trabalho de reparação nas cidades impactadas pelo rompimento da barragem de Fundão deve movimentar R$ 4,6 bilhões em Minas Gerais. Para garantir que recursos impulsionem economia local, a Fundação Renova vai capacitar e preparar micro e pequenos empreendedores para serem fornecedores.
Empresários ansiosos por novas oportunidades, diante da crise econômica que atinge o país, participaram de uma reunião na sexta-feira (09) e se cadastraram para prestar serviços. Mais de 300 pessoas assistiram palestras e esclareceram suas dúvidas.
A expectativa de público foi superada e um novo evento foi marcado para terça-feira (13), às 8 horas, no Centro de Convenções. A data extra será necessária para atender aqueles que não conseguiram participar do evento na sexta-feira.
“A expectativa do empresariado é alta, a gente vive um cenário de crise global, agravado na região de Mariana, mas acreditamos que a Fundação Renova, que é uma instituição que tem a possibilidade de estabelecer uma relação diferente com o seu fornecedor, poderá ajudar no reaquecimento da economia, cabe aos municípios e ao empresariado local aproveitar a oportunidade”, disse Paulo Rocha, do programa de Estímulo à Contratação Local da Renova.
Ações semelhantes também mobilizaram o empresariado de Barra Longa, na quarta-feira, e Rio Doce e Santa Cruz do Escalvado, na quinta-feira. Nos eventos também houve o cadastramento das empresas. A ideia é formar um banco de fornecedores locais para os processos de compras e contratações da Fundação. “Essas medidas têm o objetivo de garantir que os recursos investidos fiquem nas cidades impactadas e sejam revertidos em desenvolvimento econômico”, ressalta Paulo Rocha.
Esperança no futuro.
Para o prefeito Duarte Junior, a expectativa é grande. “Teremos muitas obras e queremos ajudar nossos empresários a superar esse momento difícil com oportunidades de prestar serviços. Foi uma reunião extremamente importante, com auditório lotado, e nela foi possível perceber a grande expectativa do empresariado do município”, observou. “É com oportunidades que vamos fazer Mariana superar esse momento difícil de cabeça erguida”, reforçou.
As palestras de estímulos às economias locais são realizadas pela Fundação Renova em parceria com o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), a Federação das Indústrias do Estado (Fiemg), o Serviço Nacional da Indústria (Sine), as Câmaras de Dirigentes Lojistas (CDLs) locais e as associações comerciais dos municípios. Essas entidades participam eventos com funcionários que atuam como consultores, para esclarecer dúvidas e facilitar a estruturação das empresas interessadas.
A premissa da Fundação Renova é utilizar 70% da mão de obra da própria região, além de destinar 50% do valor investido em contratações de empresas locais. “Acredito que se a gente aproveitar essa capacitação que a Renova nos oferece, vamos nos tornar não apenas um fornecedor da Fundação, mas teremos competitividade para nos apresentar a outras grandes empresas”, observou o empresário Waldir Ramos, da Incorpori, do setor de construção civil.
“A nossa expectativa é que através do estímulo a contratação local sejam gerados novos empregos, diminuindo assim o alto índice de desemprego e dando um alívio a nossa economia”, afirma Geraldo Carvalho, presidente da Associação Comercial, Industrial e Agropecuária de Mariana (Aciam). Ele acredita que a região conta com empresas de diversos ramos capazes de atender as demandas da Renova.
Para garantir que recursos impulsionem economia local, a Fundação Renova vai capacitar e preparar micro e pequenos empreendedores para serem fornecedores de produtos e serviços. “As pessoas têm que entender que nada cai do céu. É preciso investir no aperfeiçoamento da equipe para depois não reclamar que está de fora. Se, realmente, 40% de tudo que foi agendado e prometido se cumprir, será a redenção de Mariana. Veremos nascer uma nova cidade”, avalia o empresário José Eustáquio Elias “Tati”, proprietário da rede de combustíveis Shell Inconfidentes. Em sua opinião, as condições oferecidas pela Renova estão sendo bem claras. “As cartas estão na mesa”, avaliou o empresário.
“Os empresários estão engajados, dispostos a cumprir as etapas e melhorar o seu negócio. A consequência natural do estímulo à economia local é, se não a geração de novos empregos, pelo menos, a manutenção dos atuais. O principal desafio é qualificação da mão de obra e o treinamento do empresariado” afirma o gerente geral de micro e pequenas empresas do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG).
A Fundação Renova realizou um mapeamento ao longo da bacia do Rio Doce, que traçou o perfil, as vocações e as potencialidades econômicas de cada cidade, de Mariana (MG) a Regência (ES). As cidades impactadas pelo rompimento da barragem de Fundão estão recebendo as ações de reparação desenvolvidas e executadas pela Fundação Renova.
Esse trabalho de reconstrução prevê a geração de 6 mil empregos diretos até 2020 nos dois estados, a partir de investimentos de cerca de R$ 3,5 bilhões, que deverão alavancar a economia local com o desenvolvimento de novos negócios e geração de renda. Esse valor, somado à movimentação na cadeia de abastecimento, deve chegar à casa dos R$ 6 bilhões.
Se for levada em conta toda a movimentação da rede de fornecedores, a expectativa é de que sejam geradas cerca de 15 mil oportunidades de trabalho. Os investimentos serão em ações de reassentamento, recuperação de nascentes, manejo de rejeitos, reflorestamento e tratamento de água e esgoto.
Esse trabalho abre espaço para novos negócios. O mapeamento indica que setores como construção civil, meio ambiente e reflorestamento, agronegócio, comércio e serviço têm forte potencial de desenvolvimento. Para capacitar a mão de obra, a Renova firmou parceria com o Senai para fornecer cursos de capacitação gratuitos. Na região de Mariana, por exemplo, esse trabalho de parceria já foi iniciado.