O prefeito de Anchieta, no Sul do Espírito Santo, Fabrício Petri, recebeu na quinta-feira (16) o diretor-presidente da Samarco, Roberto Carvalho, e outros representantes da empresa. Segundo a prefeitura, o tema geral da conversa foi sobre a retomada da mineradora, que tem uma sede na cidade.
A empresa está sem operar desde novembro de 2015, quando uma barragem se rompeu em Mariana, Minas Gerais, provocando uma enxurrada de lama que deixou 19 mortos e um desaparecido, destruiu o distrito de Bento Rodrigues, contaminou o Rio Doce e parte do litoral Norte do Espírito Santo.
A Samarco reafirmou a expectativa de voltar a operar no segundo semestre deste ano. Mas, para isso, é preciso que a mineradora cumpra medidas de segurança estabelecidas pela Secretaria de Meio Ambiente de Minas Gerais.
A prefeitura informou que Carvalho apresentou ao prefeito como estão os procedimentos para o retorno das operações, as expectativas da Samarco e como anda o processo de licenciamento em Minas Gerais.
Petri defendeu a importância da volta das operações da mineradora. “A volta das atividades da Samarco representa o crescimento econômico da região, principalmente na geração de empregos para a nossa população”, disse.
A Semad informou que o licenciamento da Samarco segue em trâmite normal, de acordo com a legislação. Atualmente a mineradora trabalha para conseguir duas licenças de forma concomitante, necessárias para a retomada das atividades.
A primeira se refere ao Sistema de Disposição de Rejeitos da Cava Alegria Sul. A segunda, ao Licenciamento Operacional Corretivo do Complexo de Germano. Ambas dependem de pareceres técnicos que serão encaminhados ao Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam), que vai deferir ou não os pedidos.
Nesses dois casos, não é possível precisar quanto tempo levará para a finalização de cada etapa pela dinâmica da análise de processos dessa natureza, que também dependem do atendimento pela empresa de todos os requisitos previstos na legislação.
Segundo a Semad, os órgãos ambientais estão empenhados em concluir com celeridade e responsabilidade as análises.
A Samarco informou que a cava de Alegria Sul é uma alternativa temporária e permitirá a disposição de rejeitos em um futuro retorno das operações com 60% da capacidade produtiva (18 milhões de toneladas de pelotas por ano).
Com esse ritmo de produção, a empresa disse que consegue gerar fluxo de caixa necessário para manter empregos em Minas Gerais e no Espírito Santo.
A situação em Anchieta é complicada, e o estado sofre consequências de uma dependência em cinco principais produtos, do mercado de commodities: ferro e aço; petróleo, celulose, café e especiarias; e minério de ferro, como afirma o economista Celso Bissoli.
“A dependência que a gente tem dessas atividades faz com que a paralisação de alguma delas ou a variação do preço internacional de algum desses produtos tenha um impacto muito grande. O Espírito Santo vai sentir esse impacto”, disse.
Celso fala que os outros setores, que poderiam substituir em parte essa perda de receita, não estão suficientemente desenvolvidos. "Mesmo que haja estímulo a outras atividades, é um investimento a longo prazo".
O secretário de Estado da Fazenda, Paulo Roberto Ferreira, fala que o Espírito Santo investe na diversificação de segmentos. “A linha de planejamento é de descentralizar, ampliando e diversificando as bases da economia. Em paralelo a isso, continuamos otimistas para que a Samarco possa retomar seu trabalho”.