Publicamos na edição de número 777 uma entrevista com a Defesa Civil de Mariana alertando sobre cuidados que devem ser tomados no período de chuvas. Em complemento a esta matéria, entramos em contato com o Tenente Dutra, do Corpo de Bombeiros de Ouro Preto, que fez declarações importantes sobre esse período do ano.
O Tenente Dutra em sua entrevista ao jornal ressalta: “Depois do leite derramado, ou “melhor falando”, da tragédia instalada, não adianta somente procurar culpados. Temos que ter atitudes de prevenção que façam a diferença entre a preservação do patrimônio e da vida, do que lamentar pela morte de nossos irmãos.”
Jornal Ponto Final: O Corpo de Bombeiros realiza algum trabalho preventivo durante o ano para alertar a população sobre os perigos das chuvas?
Tenente Dutra: O Corpo de Bombeiros promove anualmente um trabalho sistemático e preventivo através da mídia e veículos de comunicação. Informações e propagandas, publicação de imagens, cartilhas, folders e similares alertam a população e comunidades, principalmente aquelas moradoras das áreas consideradas de risco, alertando-os de forma básica a procedimentos a serem tomados em casos de perigo iminente de tragédias e mortes. Esse trabalho é coordenado pela CEDEC - Coordenadoria de Defesa Civil Estadual, órgão responsável diretamente por essas atividades que são repassadas aos municípios e regiões que possuem Corpos de Bombeiros para sua execução em conjunto com as COMDECs - Coordenadorias municipais de Defesa Civil.
JPF: Que atitudes o tenente acha que os responsáveis pelos municípios podem tomar para evitar que tragédias decorrentes das chuvas aconteçam?
TD: Em primeiro lugar assumir que a responsabilidade é de todos, mas a autoridade maior nas cidades é do próprio município. O problema é que ninguém quer se tornar impopular com esses moradores. Temos que entender que a Defesa Civil Municipal não se faz de forma sazonal. É necessário compreender que é melhor investir mais em prevenção do que reconstrução.
Ele ainda nos alerta sobre a importância da conscientização e da capacitação adequada para que os profissionais do município e moradores das regiões mais afetadas consigam lidar com situações de risco. “Precisamos nos conscientizar que catástrofes também batem a nossa porta, é necessário criar uma estrutura de suporte e um esquema de treinamentos da população em áreas vulneráveis em certos períodos do ano. Acredito que se tivermos uma população treinada, bem informada, órgãos de segurança capacitados e interados entre si, a resposta aos necessitados é imediata e minimiza a ação esmagadora da tragédia.”
Revoltado com a atitude do município e cansado de ver tragédias acontecendo e vidas perdidas, ele completa:
“Para mim, ser omisso a esses acontecimentos é a mesma coisa que ser um homicida em potencial. É necessário investimento sério e sólido nas áreas de prevenção, treinamentos e tecnologias capazes de prever e antecipar as ações de socorro. Os alertas são apenas alguns dos componentes da prevenção. É preciso que os municípios disciplinem a ocupação do solo de forma radical e urgente. É vergonhoso saber que se gasta oito vezes mais em reconstrução do que em prevenção.”
“É claro que não podemos evitar a calamidade climática, mas temos recursos humanos e tecnológicos para evitar os danos financeiros e, principalmente, os de ordem emocional e os de perdas de vidas inocentes. Na verdade, precisamos de atitudes imediatas e coragem para investir em segurança e prevenção. A tragédia no estado do Rio de Janeiro nos alerta que o perigo está bem mais próximo de nós do que podemos pensar. Queira a Deus que o número de mortos não chegue a mil vidas.
Sei que isso custa dinheiro, mas é muito mais eficiente e mais barato do que reconstruir e chorar a perda de vidas humanas.” Finaliza o Tenente Dutra.
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Corpo de Bombeiros 193
“Esse número salva vidas”