Entramos em um período de chuvas fortes e frequentes e vimos nessas últimas semanas a situação calamitosa de diversas cidades nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, que sofrem com desabamentos e enchentes. São milhares de desabrigados e desalojados, e centenas de mortes foram registradas nesses estados.
O trabalho preventivo é essencial, vistoriando áreas de risco e alertando moradores dessas regiões. O Corpo de Bombeiros de Ouro Preto distribuiu no final de 2010 uma cartilha: “A chuva está cheia de perigos que você não vê”. Ela aborda informações importantes sobre os cuidados para essa época do ano. A cartilha pode ser encontrada no quartel da Corporação em Ouro Preto.
O jornal Ponto Final entrou em contato com a Defesa Civil de Mariana e com o Corpo de Bombeiros de Ouro Preto, que responderam a algumas perguntas úteis à comunidade para evitar tragédias em períodos de chuvas.
Veja a seguir as entrevistas completas concedidas por Márcia Regina Damázio, coordenadora da Defesa Civil em Mariana e pelo Tenente Dutra, do Corpo de Bombeiros de Ouro Preto.
Jornal Ponto Final: Qual é a diferença entre o trabalho da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros?
Márcia Regina: A Defesa Civil Municipal é um órgão mantido e gerido pelo município. O Corpo de Bombeiros Militar é uma instituição estadual. As funções se encontram às vezes, mas a Defesa Civil tem o privilégio de poder focalizar as ações trabalhando mais próxima das comunidades, uma vez que o Corpo de Bombeiros trabalha de forma regionalizada. Em resumo, trata-se de uma descentralização administrativa, onde o Estado divide com os municípios as responsabilidades.
JPF: Qual é o trabalho feito pela Defesa Civil durante o ano?
MR: O trabalho se divide em duas etapas: período de normalidade e período de anormalidade. No primeiro período é feito o trabalho de prevenção e preparação, envolvendo ações educativas com as comunidades que vivem nas áreas de riscos e levantamento dos locais de vulnerabilidade. No período de anormalidade são realizadas ações de preparação para situações de sinistro, e ações que exijam reabilitação dos cenários afetados.
JPF: O que deve ser evitado na hora de construir em terrenos próximos a encostas?
MR: Construir somente com orientação técnica, não fazer cortes a 90º e nenhuma obra com escavação em período de chuva. Consultar, junto ao município, se o local está descrito como área de risco pelo Plano Diretor do Município.
JPF: Quais são os cuidados que devem ser tomados para evitar deslizamentos, desabamentos?
MR: Para deslizamentos: em casos de encosta, proteção com coberturas vegetais (por exemplo, gramas) e proteção de jateamento de concreto (feita por empresas especializadas) para encostas extensas e muito íngremes. Além de fazer a correção do próprio talude manualmente ou mecanicamente quando possível.
Para desabamentos: em casos de residências, execução de estruturas (fundação, pilares, vigas, etc.) adequadas para sustentação do imóvel a ser edificado.
JPF: Quais são os sinais de perigo a serem observados?
MR: Ocorrência de rachaduras nas paredes, abatimento do piso, abertura de fendas no solo, inclinação da vegetação na encosta. Para quem vive nas margens de rios, durante tempestades, observarem o volume do leito para ganhar tempo em caso de evacuação.
JPF: O que é considerado local de risco?
MR: Margens de córregos e rios, encostas íngremes, locais com solo vulnerável a erosão e locais onde há ocupação desordenada.
JPF: Se a pessoa se encontra em local onde já há deslizamento de terra e enchentes, que atitude ela deve tomar?
MR: Ir para algum local mais seguro (o ponto mais alto fora da planície de enchente, fora do raio da área de deslizamento) e fazer contato com os órgãos de assistência: Defesa Civil ou Corpo de Bombeiros para receber outras orientações com base nos detalhes da ocorrência.
JPF: Alguma ocorrência foi registrada na região devido às chuvas?
MR: Total de 12 famílias desabrigadas por causa de enchentes e deslizamentos; uma área de risco iminente de deslizamento interditada pelo Corpo de Bombeiros e Defesa Civil envolvendo dois bairros.
Alerta!
Em caso de emergência, saia imediatamente da área de risco de deslizamentos e informe a Defesa Civil através do número 199 ou o Corpo de Bombeiros através do número 193 sobre o ocorrido.
Corpo de Bombeiros 193
Defesa Civil 199