Cartunista marianense, Camaleão, é destaque internacional pela Revista MAD Publicada 14 de Janeiro de 2011 - 08:25
Nesta semana ouvimos falar muito de um cartunista bem conhecido em nossa cidade, que devido ao desempenho exemplar de seus trabalhos foi convidado pelo diretor da revista MAD para ser o novo capista dela. Camaleão, que é um grande parceiro do Jornal Ponto Final, vem, ao longo destes quatorze anos de parceria, nos prestigiando com seu talento semanalmente. Na entrevista abaixo, Camleão nos conta um pouco sobre sua carreira, a proposta da revista e o apoio recebido por seus trabalhos.
Jornal Ponto Final: Você desenha desde criança? Quando começou seu interesse pelo desenho?
Camaleão: Como toda criança, desenhava muito na sala de aula. E desenhar professores e colegas foi constante, principalmente na minha época da antiga ETFOP.
JPF: Como começou sua história com o Jornal Ponto Final e por que escolheu a caricatura como forma de arte?
C: Na verdade não escolhi nada. Costumo dizer que o artista não escolhe o estilo, o estilo é que escolhe o artista. Sempre gostei de fazer desenhos de humor, como caricaturas. Em 1997, com o convite do Rômulo Passos para fazer as charges do Ponto Final, meu trabalho tomou um rumo mais profissional. E em 2000, Rômulo, querendo presentear seu irmão Márcio, pediu para que eu fizesse uma caricatura dele. Resolvi, então, fazer algo diferente: não fazer uma caricatura simplesmente, mas contar de forma bem humorada um pouco da história de vida do Márcio Passos. Assim o fiz, só que em tela, pois acredito que a vida é uma espetacular obra de arte. Hoje faço caricaturas hiper realistas, e busco sempre enaltecer o caricaturado - não me atenho apenas a distorcer ou realçar as características físicas da pessoa, mas principalmente valorizar a sua vida e essência.
JPF: Sabemos que você participa de salões de humor. Como isso tem ocorrido?
C: Participo de salões de humor desde 2004 e, felizmente, sempre tive resultados satisfatórios. Em todos que participei, sempre fui selecionado. Ganhei algumas menções honrosas e alguns prêmios também, tanto em eventos nacionais quanto internacionais.
JPF: Qual a importância dos salões de humor para você?
C: Para mim a grande importância dos salões de humor é poder mostrar o meu trabalho, principalmente às pessoas do ramo artístico. E hoje, posso dizer que foi o salão de humor que me deu a chance de realizar um sonho da adolescência: desenhar para a revista MAD.
JPF: Conte-nos, então, como isso aconteceu.
C: Bem, quando na minha adolescência resolvi fazer desenhos voltados para o humor, busquei inspiração na MAD. E sempre dizia que um dia iria fazer um desenho daqueles. Então, através dos salões de Humor, após o redator chefe da revista ter visto alguns trabalhos meus, ele me procurou e me convidou para ser o novo capista da MAD. Fiquei muito feliz, foi a realização de um sonho. Minha primeira capa já está nas bancas!
JPF: Do que se trata a revista MAD? E qual a importância de ser seu capista?
C: É uma revista americana que foi criada há mais de cinqüenta anos e que tem como proposta fazer paródias e piadas de assuntos que foram notícias. É publicada em vários países. Começou a ser publicada no Brasil na década de 70, inicialmente abordando em sua maior parte assuntos da MAD americana, mas depois foi ficando mais com a cara do nosso país. Para mim, a importância em ser seu capista é que além de me forçar a fazer um trabalho sempre melhor, pois a cobrança é muito grande (Pude perceber isto através dos comentários da primeira capa no blog da MAD), ela também divulgará meu nome no Brasil inteiro, pois é distribuída em todo território nacional, e também abre espaço no mercado editorial no Brasil.
JPF: E o seu trabalho de caricaturas em tela? Fale-nos um pouco sobre como você o realiza.
C: Quem vê o trabalho pronto não imagina como é difícil fazê-lo. É um processo bem complicado. São feitos vários esboços até chegar na composição ideal da cena. É preciso fazer vários estudos sobre a perspectiva, os elementos, as cores que serão predominantes no quadro, entre outras coisas. Aparentemente parece ser um trabalho simples de distorção de traços, mas como meu objetivo com este trabalho é a valorização do ser humano, envolve muito mais coisas. Inicialmente recebo a história da pessoa, depois disso trabalho em cima dos registros fotográficos enviados. A seguir é o momento de preparar o material fotográfico auxiliar para a elaboração da caricatura e seu ambiente. E finalmente passo para a etapa de colocar na tela a caricatura criada. Depois de várias horas sentado em frente a tela o trabalho termina. O principal objetivo de minhas caricaturas é enaltecer e valorizar o caricaturado. Graças a Deus, tenho muita sorte de estar em Mariana e das pessoas daqui acolherem bem o meu trabalho. Sem a confiança delas seria muito difícil desenvolvê-lo.
JPF: Como você vê a sua arte em Mariana, este cenário rico em arte barroca, uma vez que o tipo de arte que você realiza é muito diferente da maioria vista aqui?
C: O povo de Mariana já conhece meu trabalho e não se assusta muito, mas confesso que os turistas levam um certo susto ao ver humor em um cenário tão sério. Acho até engraçado isso.
JPF: Você teve apoio para trabalhar com sua arte ?
C: Graças a Deus sempre tive apoio. Primeiramente de minha família (quando pergunto para as minhas filhas se o trabalho está bom, a resposta é sempre a mesma: “Ótimo, papai! Ficou lindo!”). Recebi também muito apoio do Rômulo Passos, que sempre me abriu espaço neste semanário, e do amigo Tate, grande incentivador, do artista Elias Layon que sempre me deu apoio e dicas preciosas na área da arte. Há também incentivo recebido dos amigos e daqueles que investiram em minhas telas, acreditando no trabalho desenvolvido. Aproveito para agradecer a todos pela confiança, sem eles ficaria muito difícil desenvolver minha arte.
JPF: Você tem alguma dica para quem está começando?
C: Independente do tipo de arte há uma lei básica que consiste em: estudar, praticar, estudar e praticar. Fazer isso muitas e muitas vezes, até que o seu trabalho ganhe consistência e o mercado te dê o sinal verde. Aprendi que isso acontece apenas depois de muito esforço, quando o mercado realmente acredita que o seu trabalho já está bom.