Douglas Couto
Ouro Preto/MG
O diretor-presidente da Samarco, Ricardo Vescovi, demonstrou preocupação com o cenário de baixo preço do minério de ferro, e avaliou que esta não será uma “crise de curta duração”.
“Do ponto de vista do setor mineral e mundial, a gente crê que não seja uma crise de curta duração, estamos vivendo um novo ciclo, uma nova história do minério de ferro. Não tenho uma bola de cristal para adivinhar quando ela terminará, mas creio que não vai ser curta”, disse Vescovi.
Em visita a Ouro Preto, região Central do Estado, na última segunda-feira (23), o executivo afirmou que o mercado de minério hoje não é mais como era no passado. “Mineração vive de ciclos e para estar nesse mercado é preciso ter visão, tecnologia e pessoas que pensem de longo prazo. Nos quase 40 anos, já passamos por outras crises até mais graves do que essa, ou tão grave quanto, e sempre soubemos sair dela”, avaliou.
Ao mesmo tempo em que avalia a crise “com muita preocupação”, o executivo diz, também, que vê o cenário “como parte da equação do mercado mundial, que nunca foi excelente por muito tempo, assim como também nunca foi deprimido por muito tempo”.
O presidente da Samarco esteve em Ouro Preto para apresentação do inventário inédito sobre as fontes hídricas na cidade histórica. O diagnóstico apontou as condições e a qualidade dessas fontes de água, com indicação de alternativas para a preservação. O estudo será feito também em Mariana, Catas Altas e Santa Bárbara.
“A crise hídrica é um dado dessa equação que estamos vivendo hoje, ela traz um beneficio de trazer ao centro das discussões não só das empresas, mas dos governos, a questão da preservação do meio ambiente, dos recursos hídricos, de entendermos que a água se não for bem cuidada é finita”, disse o executivo.
Nos moldes do diagnóstico concluído em Ouro Preto, o resultado do trabalho será transformado em livro. O trabalho de pesquisa é realizado pelo organizador da publicação, o editor e produtor cultural Paulo Lemos, em parceria com a UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto), o IGAM (Instituto Mineiro de Gestão das Águas) e a ANA (Agência Nacional de Águas).
Em plena crise hídrica, o executivo diz que a situação pode trazer problemas para o setor de mineração “no curto prazo”. “Mas, temos tecnologia e vamos saber desenvolver os nossos negócios a partir disso. Hoje não só ele [o minério] é bombeado por água, como ela [a água] é necessária no beneficiamento, na obtenção do minério de ferro. Temos que preservar e cuidar dos mananciais e ajudar as pessoas a terem consciência de que a água é importante não só para as empresas, que afinal de contas geram empregos e renda para os municípios, mas para sua própria vida”, disse Vescovi.