A Chefa do Departamento de Epidemiologia da Prefeitura Municipal de Mariana concedeu entrevista exclusiva ao JORNAL PONTO FINAL, nesta terça-feira (08) e expôs a real situação da doença na cidade. Ana Lúcia Horta Vitória contou-nos sobre as ações desenvolvidas pelo departamento, as principais dificuldades enfrentadas pelos agentes de saúde e informou à população sobre os principais focos e as formas de ajuda no combate à doença. Segundo Ana, os casos notificados de suspeita de dengue aumentaram em relação aos noticiados na última edição deste semanário. Agora são 99 casos suspeitos. Ela alertou para os preocupantes números da doença na cidade. “Os resultados dos exames que comprovam a doença demoram cerca de 40 dias para serem liberados. Isso preocupa, pois, desses casos suspeitos, provavelmente muitos serão confirmados em breve”. A chefa de departamento explicou que um dos motivos para o aumento no número de casos é a instabilidade política vivida pelo município nos últimos tempos. “Há 70 dias quando deixei o cargo, estavam notificados 7 casos de suspeita de dengue. Levei até um susto quando voltei”, afirma. Ela explica ainda que ações estão sendo feitas na prevenção à doença, como palestras, informativo nas igrejas, escolas, hospitais; mini-palestras constantes na policlínica, além da capacitação de todos os funcionários da área de saúde. No combate à doença, há a visita às casas para a aplicação de larvicida e o borrifamento de produtos através de bombas movidas a gasolina, em áreas de maior notificação de casos. As maiores dificuldades expostas por Ana Vitória são a falta de funcionários capacitados e a escassez de apoio popular. “As pessoas estão cansadas de saber as formas de combater a doença, mas pouco fazem. O lixo, os quintais sujos, os lotes vagos e a má recepção da população aos agentes de saúde dificultam o nosso trabalho”, lamenta. Em relação à falta de funcionários, ela justifica pela instabilidade vivida pelo município. “Já estava certa a contratação de 13 funcionários para o setor, porém com essas mudanças, elas não foram efetuadas. Esperamos que isso ocorra nos próximos dias. Após a contratação ainda será necessária a capacitação desses profissionais”. De acordo com Ana Vitória, as localidades de maior cuidado, de imediato, são os bairros Colina e Cabanas. No bairro Colina, foi notificado o maior número de casos da cidade, 28. A preocupação nas Cabanas é a quantidade de moradores, cerca de 10 mil. O único distrito onde foram encontradas larvas do mosquito foi em Bandeirantes. Ana alerta para o atraso na programação das ações de prevenção e combate à doença. “As nossas ações são divididas em 6 ciclos que deveriam ser desenvolvidos ao longo do ano. Desta forma, cada casa, por exemplo, deveria receber a visita do agente de saúde, pelo menos 6 vezes ao ano. Devido a esses problemas, ainda não terminamos, sequer, o primeiro ciclo. Deveremos providenciar, então, medidas emergenciais”. Por fim, ela faz um apelo à população e a poderes municipais. Para o executivo, ela cobra maior integração entre as secretarias, como o apoio do setor de limpeza urbana, tanto pelo lixo acumulado nas ruas da cidade, quanto pela poluição nas áreas beira-rio. “O rio, em si, não é propício à dengue, mas a sujeira acumulada nas margens sim. Pedimos que haja com mais freqüência a capina dessas áreas”. Para o legislativo, é pedido que os vereadores intercedam em suas comunidades, para que todos se conscientizem. Para a população, pede-se que todos tomem cuidado com os recipientes, cuidem dos próprios quintais permitam o trabalho dos agentes de saúde. “É necessária a limpeza completa dos recipientes. Não basta apenas jogar água, é preciso que passe a bucha, pois os ovos ficam incrustados nas bordas e resistem por até 1 ano no estado de latência”. O telefone para o agendamento de visitas e denúncias é o 3558-2653. A disponibilidade de horários para visitas pode ser negociada.