Mãe alega inocência dos filhos Publicada 01 de Janeiro de 2010 - 10:35
Angélica Aparecida da Silva Ferreira, mãe de Wallace e Waister Douglas da Silva,
conversou com a redação do Ponto Final na manhã da última quarta-feira (17) e alegou que seus
filhos não estão relacionados ao assassinato de Daniel José Silva, que foi encontrado morto dentro de
seu carro no último dia 9.
A mãe conta que, na quarta-feira passada, quando chegou à sua casa, deparou-se com um
detetive atrás de sua porta que alegava que um de seus filhos era acusado pela morte de Daniel.
Angélica diz que seu filho recebeu a polícia na residência às 14h e, durante a tarde, ele esteve
rondando pelo bairro no carro de detetives para que moradores do local o reconhecessem.
A mãe afirma que os policiais agrediram o jovem: “Queriam forçar o meu filho a falar onde
o irmão estava. Ele estava no Rosário, fazendo uma tatuagem. Não tinham mandado para entrar na
minha casa, mas não impedi porque sabia que meus filhos não eram culpados”.
Segundo a mulher, no dia do assassinato, um de seus filhos se encontrava em uma igreja,
localizada no Santo Antônio (Prainha), e o outro na escola Wilson Pimenta, tendo inclusive
declaração da diretora como álibi.
Ela conta, ainda, que os filhos perderam o emprego e não estão mais morando na Prainha.
“Foi recomendação do meu advogado e de um delegado de Ouro Preto que eles se afastassem.
Não estão fugidos. Eles perderam o emprego. Disseram que alguém queria nos prejudicar, com
denúncias”, declarou, lembrando de que não é a primeira vez que seus filhos são acusados de
cometer crimes através de denúncia anônima.
“Quem cometeu o crime está solto. A polícia pode até trabalhar bem, mas não devia agir
por impulso, pois pode prejudicar a vida de muita gente. Assim como eu, que sou mãe e pai dos
meus filhos, há várias mães na Prainha, e desejo que não passem por esse constrangimento que estou
passando. Eles não estão nem indo à escola”, pontuou, lamentando-se do preconceito que sofre:
“Não é todo mundo que é bandido, é lá onde temos casa para morar, e se muitos tivessem condições
não morariam lá mais. Estamos sendo julgados por coisas que não aconteceram. Esperamos que o
caso seja apurado para que a verdade seja esclarecida. Hoje eles estão andando com a cabeça baixa,
mas Deus é mais! A verdade vai aparecer”, finaliza Angélica, contando que, dias atrás, se encontrou
com a mãe da vítima do assassinato para dar os pêsames e eximir a culpa de seus filhos: “Conversei
com ela e ela me disse que sabia que meus filhos não fizeram isso”.
Um posicionamento foi exigido da Delegacia de Polícia Civil de Mariana. O delegado Paulo
Saback esclareceu que o tráfico de drogas tem sido uma das grandes mazelas da sociedade, criando
uma situação de instabilidade pública, e junto estão outros delitos, inclusive crimes violentos contra
pessoas, como o homicídio.
Paulo explica que o envolvimento dos “irmãos Douglas” nos assassinatos da região estão
sendo apurados pela Polícia Judiciária, desde a tentativa de homicídio contra Arlindo Geraldo
Fonseca, vulgo Farol, que acusou, em depoimento, um dos irmãos, inclusive fazendo o seu
reconhecimento. Tudo quanto foi alegado encontra-se documentado na Delegacia de Mariana desde
20 de dezembro de 2012.
Em relação às buscas e a acusação de agressão, o delegado afirma que não procedem: “Os
policiais não praticaram qualquer abuso, tanto é verdade que a fotografia dos envolvidos foi tirada
e não se observa qualquer sinal de lesão nos mesmos. Ademais, a legislação aponta que em caso
de flagrante delito não há óbice à entrada em qualquer residência, logo a postura da polícia fora
acobertada pela lei, agindo os mesmos sem qualquer forma de excesso”, finalizou, pontuando que os
procedimentos envolvendo os rapazes continuam a tramitar nesta unidade policial. “Em breve serão
remetidos ao Poder Judiciário, onde o Ministério Público certamente continuará a dar seguimento
no trabalho que vem sendo realizado, para que indivíduos perigosos sejam presos e condenados pela
justiça”.