Segundo a Constituição Brasileira, no artigo 205:
“A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.”
Não há desenvolvimento econômico e social sem educação: pesquisas mostram que a alfabetização constitui motor para a expansão econômica.
Existem diversos métodos para alfabetizar crianças, jovens e adultos. No Brasil, os mais utilizados são o método global e métodos tradicionais, como o alfabético-silábico e o fônico. Por outro lado, muitos alfabetizadores brasileiros, das redes pública e privada, preferem a teoria do construtivismo como base para a alfabetização. Qual o melhor caminho para ensinar a ler e escrever? Escolher um ou outro é uma opção cujo grau de dificuldade aumenta principalmente quando se depara com a enorme diversidade socioeconômica e cultural de um país como o Brasil.
Com as constantes mudanças na sociedade, com o fenômeno da globalização, das tecnologias da informação e da comunicação, os currículos escolares necessitam de revisão e atualização para refletirem as necessidades reais dos estudantes, de forma a viabilizar um aprendizado adequado a cada realidade. Confira abaixo uma entrevista exclusiva com o Secretário de Educação da Prefeitura de Mariana, Marcianos Ramos Teixeira:
Jornal Ponto Final: Quando podemos concluir que a criança está alfabetizada?
Marciano Ramos Teixeira: Ser alfabetizado vai além do ler e escrever. Para ser considerado alfabetizado o sujeito deve ter domínio das práticas sociais de leitura, precisa ser LETRADO. Se a criança sabe ler, mas não é capaz de ler um livro, se sabe escrever, mas não é capaz de escrever uma carta, ela pode ser considerada alfabetizada, mas não letrada. Para que o letramento ocorra, é indispensável à escola proporcionar aos alunos contato com diferentes gêneros e suportes textuais. Uma criança alfabetizada-letrada é aquela que lê e escreve textos de diferentes gêneros com autonomia e compreende o uso social destas duas práticas (leitura e escrita).
JPF: Como levar o estudante a ler e a produzir, com autonomia e proficiência, os diversos gêneros textuais?
MRT: Devemos proporcionar aos alunos o contato com os diferentes gêneros textuais. Narração, dissertação e descrição, por muito tempo, reinaram absolutos nas propostas de escrita de textos em nossas escolas, porém estes gêneros textuais não suprem as necessidades enfrentadas por nossos alunos no seu dia a dia. O caminho atual é enfocar o desenvolvimento dos comportamentos leitores e escritores, ou seja, levar a criança a participar de forma eficiente de atividades da vida social que envolvam ler e escrever. Tornar a escrita e a leitura aprendizagens significativas é o caminho e o maior desafio de nossas escolas.
É importante citarmos aqui a I Mostra Literária das Escolas da Rede Pública Municipal de Ensino realizada no período de 04 a 06 de novembro de 2010, pois tivemos o propósito de marcar o início de um trabalho nas escolas focado na leitura e na escrita. O evento foi além da apresentação dos trabalhos realizados pelas escolas, pois possibilitou o envolvimento de todos na busca de novas aprendizagens, aventuras e conhecimentos, por meio da leitura.
JPF: Os professores estão se preparando para a revolução digital da informação? Qual a sua opinião? Os currículos das escolas do Brasil estão atendendo às competências necessárias para que o estudante seja capaz de produzir e ler diferentes tipos de textos adequados a diferentes situações?
MRT: A escola tem se empenhado muito em trabalhar com diferentes gêneros textuais que hoje são indispensáveis para o aluno. Para isto o Currículo Escolar tem sido revisto, objetivando garantir que as competências necessárias à formação do indivíduo sejam trabalhadas pelos professores e adquiridas pelos alunos. Além disto, o professor também tem percebido a necessidade urgente de sua adequação ao século XXI, tem se preocupado muito com a sua formação continuada principalmente no que diz respeito adequação ao mundo da informação rápida e digital, pois sabe que sem este recurso não atenderá as expectativas dos alunos, tão pouco da sociedade.
O Município de Mariana também busca ferramentas que possam auxiliar os professores em suas aulas. Por isso, adquirimos o Projeto Positivo Informática e o Projeto Lego Zoom:
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Projeto Positivo é um programa educacional que vem atender, alunos e professores, desde o início até a consolidação dos processos de alfabetização, letramento e de raciocínio lógico, de maneira simples e lúdica o que ajuda na aprendizagem significativa e contextualizada dos educandos. As atividades englobam o processo de reconhecimento de letras e construção de palavras até o trabalho com textos, jogos lúdicos na percepção e aprendizagem das cores, números, quantidade, localização, medida entre outras atividades que favorecem as vivências em sala de aula, por meio das estratégias pedagógicas utilizadas pelo educador. Capacitamos os professores do 1º ao 5º ano que fizeram uma formação inicial para dar aulas através dos computadores instalados nas escolas. Essa formação foi realizada em 2 etapas, totalizando 40 horas de curso. Cada computador é utilizado por 6 alunos. Na etapa inicial, todos os professores foram assessorados por monitores contratados pela empresa Positivo.
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Projeto Lego tem o intuito de introduzir os alunos na tecnologia. A metodologia Lego é construída a partir dos quatro pilares da educação e dos PCN’s por meio de 8 fascículos por idade/série que, além de possuírem as montagens, possuem textos informativos que ajudam professores e alunos em pesquisas. Na etapa inicial todos os professores tiveram assessoria de monitores contratados direto da Empresa Edacom (LEGO). O Programa teve início no ano de 2008 atendendo ao 1º ao 5º ano, no ano de 2009 na educação infantil e nesse ano iniciamos o programa de robótica para 6º ao 9º ano. Agora o programa (1º ao 5º ano) é acompanhado pela equipe pedagógica através de visitas in loco.
JPF: Qual o papel do professor diante do panorama da globalização e do letramento digital, com todas as mudanças pelas quais a sociedade está passando?
MRT: O papel do professor é o de mediador entre a informação e o conhecimento. O professor deverá utilizar em suas aulas as novas tecnologias, transformando a informação adquirida em conhecimento significativo. Este é um dos seus desafios. O computador e outras tecnologias devem ser incluídos na sala de aula, assim como o lápis, o papel e a caneta. Reconhecemos que isso não é uma tarefa simples, mas que precisa ser pensada. A tecnologia está mudando as relações econômicas, culturais, sociais e políticas, por isso precisamos interagir melhor com ela e utilizá-la em prol da melhoria da educação.