Paixão é sentimento efêmero. Em doses exageradas atrai tempestividade, cegueira, agressividade e irracionalidade. Findam amor-próprio e sanidade na convivência.
Amor é duradouro se for pautado no companheirismo, respeito mútuo, união, confiança, amizade e cumplicidade... Esses são alguns itens básicos para uma vida conjugal salutar.
Paixão desenfreada é aberração sentimental. É mais carne e instinto do que coração. Somos mais susceptíveis a ela na adolescência. Ela vira e revira de cabeça para baixo, os hormônios e a razão. Muitos acreditam piamente que a fórmula mágica para a felicidade é “estar” ou “ter” a pessoa amada sempre ao seu lado. Há também o nefasto sentimento de possessividade sobre o companheiro. Pessoas não são propriedades de ninguém! São seres autônomos, individuais e livres. Livres para amar, para mudar de caminho e fazer suas escolhas.
Há momentos em que a paixão no relacionamento é quase imperceptível, não porque se findou, mas porque se transformou em algo mais racional, mais humano; menos aventureiro, menos carnal. É o amor: estrutura fundamental para união sadia. Alguns casamentos vão até a morte, outros não. Não há segredos ou receituários difíceis de seguir.
Crises e discussões são absolutamente normais nas convivências amorosas ou profissionais. Crises passageiras e amenas, seguidas de reflexões e ações maduras, geram melhorias em qualquer tipo de relação. Separações de casais ou perda de emprego desestruturam e afetam a vida e a rotina das pessoas. Todos sofrem no início. O ser humano geralmente estranha ou rejeita mudanças, principalmente quando elas abalam o cotidiano ou uma estrutura familiar. Brigas recidivas entre casais acarretam um nímio malefício no dia-a-dia...
Respeito, companheirismo, amizade, união, confiança, quando deixam de existir ou não são prioridades no relacionamento, não há unidade de tratamento intensivo para ressuscitar o amor e reverter seu estágio terminal. Para casos de convivência insuportável e desrespeitosa, o melhor remédio é “dar um tempo” na relação para organizar ideias, esfriar a cabeça e tomar decisões ponderadas.
Depois de inúmeras tentativas, diálogos, reflexões e reconciliações malsucedidas, a decisão mais eficaz (pode ser a mais difícil para todos no início) é cada um tomar o seu rumo. Deixar o tempo agir para esquecer mágoas, ofensas, decepções, futricas, agressões e finalmente o desgaste emocional. Não faz sentido continuar insistindo em algo que não tem futuro! Não se faz remendos em “panos podres”. O melhor tratamento para a falência múltipla do amor é o tempo - remédio ardido e parcimonioso, que cura efetivamente, feridas do coração.
Andreia Donadon Leal