Há surtos desta doença contagiosa conhecida como catapora em várias cidades do País. Em todo o Estado de Minas Gerais, por exemplo, foram contabilizadas 14 mortes em decorrência da doença até o dia 5 de outubro. Aqui em Mariana, segundo Perfil Epidemiológico da Varicela, até a data de 07 de outubro, foram notificados 243 casos da doença, sendo que sete desses casos foram notificados complicações. A catapora costuma aparecer nas estações quentes do ano, como o verão que se aproxima, e, pior, caso seja necessário, a vacina não é disponibilizada nos postos públicos de saúde e está em falta nas clínicas particulares de várias cidades.
Em entrevista ao jornal Ponto Final a Enfermeira do setor de Epidemiologia, Érika Alves, a vacinação universal contra varicela não é realizada no Brasil, exceto nas populações indígenas em caso de surto, a partir dos seis meses de vida. “Além de casos de surtos, a vacina encontra-se disponível nos Centros de Referências Imunológicos Especiais (CRIE) para casos de pacientes imunocomprometidos, como, portadores de leucemia linfocítica aguda, pessoas suscetíveis a doença como candidatos a transplante de órgãos, aos profissionais da saúde que sempre estão em convívio comunitário ou hospitalar, as pessoas que no momento de internação em enfermaria onde haja caso de varicela e soropositivos” ressaltou.
Em torno de 15 a 20% das pessoas que receberam uma dose da vacina ainda podem contrair catapora em caso de exposição ao vírus, porém a doença será moderada. Pessoas vacinadas que contraem catapora geralmente têm menos de 50 lesões de pele, as quais parecem mais picadas de mosquito do que as bolhas típicas da varicela. É comum na infância e altamente transmissível, causada pelo
vírus varicela-zóster, sua transmissão é via aérea, através de gotículas que saem dos
espirros ou
tosse, ou pelo contato com pele infectada. A “catapora” é quase exclusivamente uma doença de crianças.
Segundo Érika, existem medidas específicas como; Isolamento, as crianças com varicela só devem retornar0 as escolas ou creche após todas as lesões (bolhas) terem evoluído para crostas (casquinhas), e sempre lembrando que a transmissão se dá durante a existência de “bolhas” e não quando “está secando”; lavar os brinquedos com água e sabão mesmo que não estejam visivelmente sujos; não compartilhar copos e talheres sem que tenham sido previamente lavados; promover higiene das mãos de forma frequente com água e sabão e manter ventilação adequada de salas, banheiros, refeitórios, quartos e outros ambientes.
A varicela é geralmente inofensiva, exceto em doentes com imunodeficiência, em que pode causar infecções do
cérebro ou do
pulmão potencialmente mortais. Nos adultos os sintomas são mais sérios e a doença mais perigosa e ainda que geralmente de resolução sem problemas possa ocorrer
pneumonia intersticial (em 20% dos casos adultos ou na adolescência). Contudo existem casos em adultos com problemas renais onde a doença pode-se agravar causando falha renal.
Durante o episódio de “catapora”, geralmente na infância, alguns vírus invadem os
gânglios nervosos espinhais e/ou dos nervos cranianos, onde permanecem na forma latente, sem se multiplicar e sem causar danos ou sintomas. Muitos anos depois, tipicamente na velhice, o envelhecimento do
sistema imunitário leva à moderada imunodepressão, e o vírus é reativado. Contudo a imunidade adquirida pelo individuo é ainda suficiente para impedi-lo de causar novo episódio de varicela sistêmica. É comum até crianças que ainda não foram infectadas serem enviadas para brincar com as doentes, de forma a sofrerem a inócua varicela infantil e ficarem protegidas para sempre da mais perigosa forma adulta.
Normalmente, as cicatrizes escuras da catapora são decorrentes de infecções secundárias. Banhos com
permanganato de potássio ou soluções iodadas são comumente aconselhados para aliviar a coceira e cicatrizar rapidamente as feridas. No entanto, não há comprovação científica de que o uso dessas substâncias seja benéfico. Essa prática pode inclusive resultar em danos, incluindo queimaduras e reações alérgicas. A coceira pode ser atenuada com banhos e compressas frias e com a aplicação de soluções líquidas contendo cânfora, mentol ou óxido de zinco.
Se houver início de infecção, antibióticos podem ser receitados e procure sempre o médico antes de tomar qualquer remédio, pois existem contraindicações da vacina. Se as dores de cabeça ficar forte, é possível que tenha surgido alguma complicação. Entre os muitos cuidados sugeridos ao paciente durante o período de infecção, está em cortar sempre as unhas e deixá-las limpas, evitar o contato com pessoas com baixa capacidade de defesa (para que você não transmita a ela), usar roupas leves, para evitar calor e aliviar as coceiras, usar luvas na hora de dormir, e evitar ao máximo coçar a varicela, porque marcas podem ficar para sempre no
corpo.
“A varicela é benigna, mas altamente contagiosa, que ocorre principalmente em menores de 15 anos. É mais frequente no final do inverno e início da primavera. Essa é uma doença de notificação de interesse estadual. Todo caso de varicela deve ser comunicado ao Setor de Epidemiologia – 3558 5676, para a devida notificação (registro). E ao apresentar qualquer sintoma, procure o posto de saúde”finaliza Érika.