Um dos grandes males da civilização é a culpa. Ela surge no sentido de ter feito o que não se devia fazer. Este é um pensamento seguido de dor, que consegue por acabar com o homem. De fato é um pecado que não cometemos, já nascemos com culpa, primeiro passo o batismo. Como podemos nos demonstrar ser sereno se nascemos pecador? Nem todos entendem o simbolismo teológico, ou quem sabe alguém entende. Ao crescer persistimos em ter que perdoar, em amar incondicionalmente, oferecer a outra face após a agressão e amar pai e mãe mesmo que não os conheçamos.
Até que ponto a infelicidade reinante não tem a ver com a culpa? Ele que incapacita e limita nos tornando sempre devedores. E sua ausência? Porque políticos, pessoal da segurança publica, magistrados e outras autoridades são tão sensíveis a corrupção e a desvios de conduta? Porque perderam o medo da punição e voam incólumes no território dos que tem culpa nem se movimentam? Neste terreno árido e espinhoso este entre a culpa e a impunidade. Mas bom que saibam que este espaço tem que ser ocupado.
O hiato entre o sentir-me sempre em dívida e o ter crédito ilimitado. Aquele que ocupa o espaço da culpa não consegue pensar, pois o pensamento ocupa-se de retaliação e perdas. O que vive no terreno da ausência de culpa pensa apenas em ganhos e vaidades, não tendo espaço mental para pensar no outro. Pobre ser humano. O abusado quer sempre exorcizar culpas e submete-se ao poderoso e este, quer sempre obter vantagens e submete o que reza pela redenção dos pecados. Pessimista? Sem dúvida, o ser humano depende de mudanças para ser feliz, porém mudar o desaloja e lhe tira o rumo. Persiste em manter seu status. Melhor manter o que tem a piorar não sendo o que deseja. Se olharmos a dependência do homem, sua tendência é piorar, pois o egoísmo é o véu da insegurança, da consciência de não ser bom. Aliás, este fato, é sinônimo de ser bobo e passível de ser ludibriado. Somos muito vaidosos e por isso vulnerável. Se tivermos razão, passamos a valer mais e temos ofertas para perdermos a razão e retornar a imobilidade.
Ao analisarmos desta forma podemos questionar: será que existem só dois lados, o da submissão e o da razão? Será que a abstração das idéias não permite novos paradigmas que não seja o exercício do PODER? E a democracia é isso que vivemos, ou ela é uma nova tragédia onde usamos mascaras cientes que a liberdade logo que acortina de fumaça desmanchar? Não o homem não pode viver desta ilusão que toma de si a cada instante um tanto de sua grandeza, pois A CULPA PELO USO ERRONEO DO PODER, não é de toda humanidade e sim de uma gama que se oferece a galgar das beneficias que pertence à liberdade do povo. Miséria e omissão nunca podem transcrever direito e civilização.
Antonio Freitas Neto