Esquecidos e isolados onde foi a civilização Publicada 08 de Outubro de 2010 - 08:22
Será que este texto poderia ser aplicado à atual administração publica de Mariana? Difícil poder afirmar, mas pelo que podemos notar através da imprensa falada e escrita, e pela imprensa formada pelo povo, que não está distante da realidade o título da situação por que passa a comunidade marianense. Antes tudo era diferente, contavam fatos colocando à cidade dentre as mais importantes, tanto no cenário cultural, religioso, social, aquela que possui as obras do tempo barroco, elucidada, lindas pinturas de artistas do Brasil Colônia e os atuais hoje como os outros também esquecidos.
Fica pouco mais de 100 km de Belo Horizonte, a 15 km de Ouro Preto. O pequeno Ribeirão do Carmo enfrenta sérios problemas. Suas águas, que correm céu aberto encontram-se totalmente poluídas pela lavagem do minério da siderúrgica de Saramenha, unindo a cavas velhas, restos da marca da extração do ouro. Pela falta de cuidado da administração pública, não podemos esquecer-nos dos detritos oriundos do esgoto onde parte dele vai batendo de um lado para o outro indo por contaminar a água que antes fazia parte de uma história. Quantas famílias atualmente acabam por conviver de perto com este fato tão agravante.
Vida difícil, uma situação jamais vista, Mariana pode ser chamada terra do GOVERNO PROVISÓRIO. Este nome teve sua origem no exemplo negativo de administração pública, esquecimento, descumprimento com a grande causa que é sem dúvida olhar o município com vontade e amor. As obras de arte de Mariana fazem parte de um passado, mas outrora jamais deixará de ser exemplo e marca presente na verdadeira história de uma terra que alguns tentam esquecer. Há tempos atrás quando entrávamos e víamos estiadas as bandeiras do Brasil, do Estado e de Mariana à frente da Prefeitura, defronte ao pelourinho. Onde é a sede da Câmara Municipal foi sede do Governo da Capitania de Minas e São Paulo, da Primeira Capital de Minas. Era uma marca inconfundível de uma histórica cidade. Passando por esta fase dificílima, vivendo com o que restou, ou seja, o quase nada, pois o esquecimento tomou conta. A situação de descaso e abandono também pode ser refletida através dos relatos, das páginas dos meios de comunicação, estes sim retratam e revelam as verdades. O medo é o limite, mesmo assim, aqui os eleitores votam escolhendo seus administradores, exceto no caso em evidência. O número de habitantes aumentou, a Câmara Municipal reduziu o número de vereadores, mesmo assim um deles representa o Executivo de Mariana.
Depois disso, a terra pode ser chamada de esquecida, onde pelo visto não existem projetos de desenvolvimento. Nenhuma obra de significância foi executada. Somos escravos em pleno século. A situação é, realmente, muito difícil. Não temos água tratada, e a que tem muito racionado, faltando constantemente. A luz de esperança vai apagando lentamente. Daqui uns dias os velhos chafarizes terão que funcionar, de lá sairão em baldes para servidão das famílias. A equipe do Jornal PONTO FINAL sempre se faz presente, percorre todos os órgãos, convive com as famílias, vai Prefeitura, Câmara, procuram o Judiciário, as demais autoridades tentando localizar FATOS para que em realidade seja coluna em suas páginas. Se existe alguma palavra para associar a realidade em que moradores de Mariana estão enfrentando, esta palavra é o descaso, impressão de por vezes estarem evitando até imprensa.
O ser humano foi criado para viver em comunidade e acompanhar a evolução da vida e não enfrentar condições precárias como as que estão enfrentando. Um dos aspectos que devemos levantar é que ninguém nasceu para viver isolado, portanto a administração pública deve sempre ter seu olhar na multiplicidade de desejos, ações comuns dentro de cada ser humano quer se preza. O que está em jogo não é apenas o fato do isolamento, mas as obrigações do Município como um todo, sendo o provedor das necessidades básicas de vida regidas pela Constituição de 1988, que presa em seu artigo 5º, que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”.
Antônio Freitas Neto