Em Mariana é comum haver, em alguns pontos da cidade, indivíduos praticando atividade de transporte ilegal, são os transportadores clandestinos ou os chamados “perueiros”. Na manhã da última terça-feira (25), na rodoviária local, alguns deles foram surpreendidos pela Polícia Militar que, inclusive, apreendeu o perueiro Marivaldo Santos. A apreensão de Marivaldo causou tamanha repercussão entre outros agentes do ramo de modo que eles, segundo alegaram à redação deste semanário, conduziram-se por livre e espontânea vontade até o quartel da PM no intuito de esclarecer a situação e acompanhar o colega. No quartel, os presentes prestaram depoimentos argumentando que a atividade que realizam, apesar de ilícita, é o que garante a sobrevivência de suas famílias e de eles próprios. “Não estamos agarrando nenhum passageiro pelo pescoço e jogando no nosso carro. Viaja com a gente quem quer. Estamos apenas fazendo o nosso trabalho, e não adianta mentir, porque esse é o nosso ganha-pão”, afirmou o perueiro Silvani Gomes. Mas o principal questionamento de Silvani está ligado à forma como a PM os abordou, alegando que o órgão agiu de maneira arbitrária. “Eu não portava meus documentos, pois estão perdidos. O Sargento nem me deu chance de explicação e já partiu logo com ignorância, porque não pude mostrar os documentos”, disse Silvani. Em seu nome e em nome de seus colegas que também estavam no quartel – Aluísio Araújo, Girlene Ferreira, Firmino e Marivaldo – ele disse: “chamamos o Ponto Final, que é um jornal muito respeitado na cidade, no intuito de relatar a forma ignorante como o Sargento Santos nos tratou. Meu carro nem estava na rodoviária e o Sargento já chegou me tacando na parede. Jogou minha jaqueta, meu boné e meu celular no chão, além de ter usado spray de pimenta na nossa cara. Isso pra mim foi abuso de poder, porque não somos bandidos”, lamentou. Já o Sargento responsável pela apreensão, Santos, pronunciou-se dizendo que não houve nenhum tipo de ignorância ou agressão por parte da Polícia. “Infelizmente não é a primeira vez que isso acontece, sempre os abordamos, mas eles nunca acatam nossas ordens, pelo contrário, insistem que vão continuar nesse trabalho. Por isso tivemos que tomar essa atitude de conduzi-los até aqui e fazermos as ocorrências para evitar problemas”, explicou o sargento, colocando-se à disposição para mais esclarecimentos. Diante do ocorrido, o Jornal Ponto Final procurou também a empresa de viação regional, Transcotta, para saber da mesma pronunciamentos a respeito dos “perueiros”, se os clandestinos causam prejuízo à empresa, qual o grau deste, entre outros. Seguem algumas palavras do assessor de comunicação da Transcotta, William Oliveira. “A conduta ilegal e desleal de vários motoristas, materializada através do transporte clandestino de passageiros na cidade de Mariana vem trazendo sérios prejuízos para a Empresa e também para o Poder Público, uma vez que o transporte clandestino de passageiros realizados por estes motoristas tornou-se uma prática comum nesta cidade. Não obstante ao perigo aos quais os usuários deste tipo de transporte estão expostos, existem outras vertentes nas quais o prejuízo causado por este tipo de transporte é latente. Desse modo, ressalte-se que as pessoas que atuam neste tipo de transporte, como toda atividade ilegal, não arcam com nenhuma obrigação tributária, o que necessariamente acarretará uma diminuição no valor arrecadado pelo Estado”, afirma William.