Raimundo Horta assume a Prefeitura Municipal Publicada 21 de Maio de 2010 - 18:14
O caos político pelo qual a cidade de Mariana tem passado intensificou-se na sexta-feira (14), quando, por decisão do Juiz Eleitoral da cidade, Antônio Carlos Braga, a atual prefeita, Terezinha Severino Ramos (PTB), e seu vice, Roberto Rodrigues (PTB), foram afastados de seus cargos. Acontece que, ainda na sexta, a Juíza do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Maria Fernanda Pires, suspendeu a decisão do Juiz Antônio Carlos, alegando que, antes de qualquer decisão judicial, todos os recursos que envolvem a prefeita devem ser julgados.
Quem saiu perdendo com isso foi a população que, entre ramistas e opositores, não sabia para que lado correr pois, em questão de horas, a prefeita “saiu” e “voltou” ao cargo. O presidente da Câmara Municipal da cidade, Raimundo Horta (PMDB), chegou a ser “empossado” como prefeito interino, no entanto, se disse alheio à confusão, afirmando não saber de nada.
Porém, na última terça-feira (18), por volta de 21h, uma nova decisão judicial fez com que Horta assumisse a frente do Executivo. Já no Gabinete Municipal, o prefeito afirmou não ter data definida para deixar o cargo. “Ainda não tenho certeza de quanto tempo ficarei no cargo, mas trabalhei pelo povo de Mariana”.
Terezinha, que assumiu a administração municipal por conta da cassação do prefeito Roque Camello (PSDB) e de seu vice, Zezinho Salete (PR), acusados de compra de votos durante campanha eleitoral, agora enfrenta o mesmo problema. Empossada no dia 9 de março, 25 dias após decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Ramos, cinco dias antes de assumir de fato o cargo, teve seu diploma cassado, sob acusação de prestação irregular de contas relativas a sua campanha política.
A redação deste semanário consultou membros de diversas classes da população marianense com o objetivo de mostrar a opinião popular em relação à instabilidade política vivida pelo município atualmente.
De acordo com Maria Aparecida da Silva, diarista, “é um descaso muito grande com a população porque enquanto [os políticos] ficam brigando pelo poder, as obras da cidade continuam paralisadas”.
O professor Célio Aparecido disse que “essa instabilidade política é fruto dos próprios trâmites da lei eleitoral, porém prejudica a cidade, pois as obras gigantescas do governo Celso Cota estão todas inacabadas, ou seja, um desrespeito com o dinheiro público”.
O vereador Fernando Sampaio (PRB) afirmou que, “independentemente de quem assumir, de qualquer lado que seja, que trabalhe para o povo, pois quem sai perdendo nessa história toda é a população. Há 1 ano e meio, Mariana está paralisada”.
Segundo o vereador Geraldo Sales (PDT), “a Câmara Municipal de Mariana tomou decisões importantes na última segunda-feira”. “Enquanto persistir essa situação instável na cidade de Mariana, a população pode contar com a Câmara Municipal. A Câmara vai dar a resposta que a população espera dela. Com certeza hoje, a gente está muito satisfeito de estar assumindo um companheiro o Poder Executivo”, conclui.
Outro edil a dar a sua opinião foi Marcelo Macedo (PSDB). Para ele, “essa situação não é boa nem para o município, nem para a população. Esperamos, agora, que haja uma definição e que se restabeleça esse quadro, para nós, que realmente ganhamos as eleições, cumprirmos nossas funções, uma vez que fomos eleitos pelo povo”. “Hoje a justiça está sendo feita”, Marcelo, sobre a chegada de Raimundo Horta à frente do Executivo.
Já para o vereador Reginaldo, “é preciso que esta instabilidade se torne mais justa para a população marianense, pois quem volta a ganhar com isso é a própria cidade. Tal situação atrapalha o andamento de Mariana, os agricultores, os moradores dos distritos, enfim, toda a cidade. Esperamos agora que essa mudança seja o melhor para todos”.
O edil Edson Agostinho (Leitão) (PTN) disse que “quem perde de verdade com essa situação é a população marianense. É preciso que se chegue a um denominador comum. É preciso que se pense no povo de Mariana. O serviço público não pode parar. Precisamos dar as mãos e recuperar esse tempo em que a cidade ficou parada e acelerar o processo para que possamos diminuir os prejuízos causados”.
Quem também se pronunciou a respeito do caos político que perpassa Mariana, foi o universitário do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), João Felipe Lolli. Segundo ele, quem mais se prejudica com toda essa situação é a própria cidade de Mariana. “Terezinha vai manter a cabeça focada em seus processos e milhões de recursos, ou seja, não vai conseguir trabalhar como prefeita devido a essa situação mal resolvida. Quem perde é o povo e a cidade pois, com isso, autoridade nenhuma vai ter ‘tempo’ de olhar as obras da cidade, o esgoto, o lixo, as escolas, os hospitais...”, enfatiza.