O século XVIII ofereceu ao mundo a organização de várias expedições com intuito científico. Os novos espécimes da flora e da fauna e os curiosos modos de vida das populações tidas como primitivas, suportados por um claro interesse em novas riquezas e suas rotas, propiciaram o desbravamento, a catalogação e o estudo de espaços até então ignorados pelo europeu. Um desses pesquisadores foi o naturalista Charles-Marie de La Condamine, que visitou a Amazônia em meados daquele século.
Chamou-me a atenção uma observação que ele fez acerca “dos trabalhos que exigiram a descrição exata dessas plantas e sua redução a classes, gêneros e espécies. O que irá ocorrer se aí fizermos entrar o exame das virtudes que são atribuídas a várias delas pelos nativos da terra?”
Esta pergunta, formulada há mais de duzentos anos, evidencia a grande oportunidade negligenciada pelo Brasil.
No contemporâneo mundo globalizado, há uma necessidade crescente de especialização. Você tem que ser bom no que faz e em uma área cada vez mais específica do setor produtivo.
A Amazônia possui uma diversidade biológica fantástica, com um potencial que não pode ser desprezado para a área de farmácia.
O que se percebe é que o Brasil tem permitido que os estudos sobre a Amazônia, neste particular, continuem feitas por missões estrangeiras, que vêm aqui, descobrem um princípio importante na confecção de um remédio ou cosmético, dão a ele um nome mirabolante e o patenteiam, gerando divisas extraordinárias.
Mais do que um filão econômico, investimentos na pesquisa da nossa biodiversidade atendem ao comprometimento que o país deve ter na erradicação de doenças e multiplicação de substâncias que valorizem a condição da vida humana.
Luciano Guimarães Pereira
Advogado