O padre de 52 anos, que foi preso suspeito roubo de imagens sacras e investigado por crime de pedofilia, foi afastado, por tempo indeterminado, do exercício do ministério presbiteral ou qualquer outro encargo eclesiástico em Oratórios-MG onde ele atua. A informação confirmada nesta quinta-feira (23) pela Arquidiocese de Mariana, que responde pela cidade da Zona da Mata.
O sacerdote foi preso na quarta-feira (22) em Oratórios numa operação da Polícia Militar. Foram presas outras três pessoas, sendo dois secretários do padre e um advogado. As prisões preventivas foram expedidas pela Justiça, a pedido do Ministério Público, que, há cerca de dois meses, investiga uma quadrilha que revendia as imagens roubadas. Segundo o MP, outros suspeitos ainda são procurados.
O padre Paulo César Salgado, é acusado de envolvimento em um esquema de interceptação de imagens e pedofilia. Além de dezenas de imagens sacras e de dinheiro, os militares apreenderam na casa paroquial material pornográfico que envolveria menores de idade.
Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Oratórios, Matipó, Rio Casca e Belo Horizonte. Na casa do padre foram apreendidos diversos objetos sacros, dentre eles um cálice avaliado em R$ 3.600,00.
A operação da Polícia Militar contou com a colaboração do Ministério Público da comarca de Ponte Nova.
Paulo César Salgado é pároco da igreja São José desde 2015. Segundo informações de fiéis ao Jornal O Tempo, ele é considerado uma pessoa de difícil trato. O padre foi levada a Penitenciário de Ponte Nova.
O arcebispo de Mariana, dom Geraldo Lyrio Rocha, divulgou nota em que confirma a prisão do padre "motivada por acusações de ordem administrativa e moral". "Por medida cautelar, a Arquidiocese de Mariana decidiu afastá-lo do exercício do ministério, enquanto aguarda o resultado da apuração dos fatos e a sentença judicial no foro civil e no foro eclesiástico", diz a nota
A arquidiocese diz estar disposta a colaborar com a Justiça para a elucidação dos fatos.
Com a prisão do padre, a Igreja designou a administração pastoral e administrativo paróquia de São José, em Oratórios, temporariamente ao Padre Wander Torres Costa, pároco da igreja de São Sebastião, em Ponte Nova. "Lamentamos profundamente esses fatos que ferem o Corpo Eclesial, escandalizam a comunidade cristã e geram desencanto e repúdio", diz o arcebispo de Mariana na nota.
Confira a íntegra da nota divulgada pela Arquidiocese de Mariana.
“Na manhã da quarta-feira, ocorreu em Oratórios-MG a prisão do Padre Paulo César Salgado, Administrador da quase paróquia de São José, nessa cidade, motivada por acusações de ordem administrativa e moral. O referido sacerdote encontra-se no Complexo Penitenciário de Ponte Nova.
Por medida cautelar, a Arquidiocese de Mariana decidiu afastá-lo do exercício do ministério, enquanto aguarda o resultado da apuração dos fatos e a sentença judicial no foro civil e no foro eclesiástico.
A Arquidiocese de Mariana está disposta a colaborar com a Justiça em tudo o que for necessário para a elucidação dos fatos.
O cuidado pastoral e administrativo da quase paróquia de São José, em Oratórios, será confiado temporariamente ao Pe. Wander Torres Costa, Pároco da Paróquia de São Sebastião, em Ponte Nova.
Lamentamos profundamente esses fatos que ferem o Corpo Eclesial, escandalizam a comunidade cristã e geram desencanto e repúdio.”
Dom Geraldo Lyrio Rocha - arcebispo de Mariana.
RELEMBRE: Pedofilia na igreja em Mariana.
A Arquidiocese de Mariana teve seu nome envolvido também em outro caso de pedofilia, acontecido no ano de 2001 em Mariana e que ganhou repercussão internacional, após ter o ocorrido citado no filme “Spotligh, vencedor do Oscar de melhor filme.
O padre Bonifácio Buzzi acusado abuso infantil, em Mariana, foi condenado em 2004, ficou foragido até 2007, quando cometeu outro crime e foi novamente capturado. Em 2015 foi solto após cumprir um sexto da pena e foi encaminhado para Três Corações (MG), onde fez novas vítimas, foi preso e se matou no presídio.