Com uma dívida milionária, salários dos servidores atrasados e notas de fornecedores em aberto, o prefeito de Diogo de Vasconcelos, Domingos Antunes de Freitas, conhecido "Doidão" (DEM), assume a gestão com o desafio de colocar em ordem o verdadeiro caos administrativo que ele afirma ser herança do seu antecessor, o ex-prefeito Aroldo Fernandes (PR). O valor da dívida é superior a R$ 3 milhões.
Para ter ideia do rombo, a Prefeitura de Diogo acumula dívida de R$ 2,3 milhão apenas com INSS, valor que é três vezes maior que a sua arrecadação mensal de R$ 800 mil. A maior parte desse débito – cerca de R$ 1,5 milhão – é fruto de um parcelamento a ser pago nos próximos 20 anos. No entanto, a dívida foi engordada em 2016 pelo ex-prefeito, que deixou de recolher mais de R$ 800 mil ao INSS do funcionalismo.
“O rombo no município é muito grande”, confirmou o prefeito. Na segunda-feira (16), ele convocou os vereadores e servidores públicos para uma reunião no Salão Paroquial. O motivo era apresentação do raio-x da situação financeira, explicar os atrasos dos salários de dezembro e a suspensão dos pagamentos.
“O prefeito anterior usou uma atitude desumana, não priorizou o funcionalismo. Ele pagou os fornecedores. Quando cheguei na prefeitura, tive que ir ao banco e sustar os cheques que ele distribuiu. Foram mais de R$ 1 milhão pagando fornecedores, ele raspou os cofres e não deixou um centavo para os funcionários. O que eu fiz foi tomar uma atitude humana, de priorizar os trabalhadores assalariados, que aguardam o dinheiro para levar o arroz com feijão em casa”, explicou o prefeito.
Herança maldita
Apesar da Prefeitura de Diogo de Vasconcelos ter recebido cerca de R$ 1 milhão extras do governo federal no mês de dezembro, referente a recursos da repatriação, esse recurso teria sido utilizado pelo ex-prefeito para pagar dívidas com fornecedores. “Quando cheguei no dia 2 de janeiro me assustei com a quantidade de cheques distribuído. Ele torrou todo o dinheiro da repatriação, e hoje vou ter muita dificuldades. Estou tentando ajustar, mas dificilmente vou conseguir pagar a folha em dia”, disse o prefeito Doidão.
Com uma folha de pagamento em torno de R$ 490 mil e mais de 300 servidores sem receber desde dezembro, o prefeito pediu a compreensão dos colegas e anunciou um parcelamento da dívida, a começar a ser paga a partir de fevereiro. Ele também reafirmou o compromisso de quitar os débitos com os fornecedores, mas priorizando o funcionalismo.
Medidas judiciais
O prefeito também deverá responsabilizar o seu antecessor pelo caos na administração pública. “Eu não vou tomar nenhuma atitude contra a pessoa do ex-prefeito, mas sim contra muitos atos administrativos dele, em desrespeito ao mandato que lhe foi confiado. Eu tenho dever e obrigação de fazer isso”, avisou Doidão. Foi sugerida a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara de Vereadores.
Apesar de assumir diante do caos financeiro, o prefeito não perde a esperança de dias melhores. “Isso me dá mais força para lutar, caminhar e mostrar ao povo de Diogo que ainda tem política sério, honesto e com condição de representa-lo bem, pensando no bem comum. Prometo muito trabalho e peço paciência nesse primeiro momento pela situação que encontramos, vamos continuar colocando a casa em ordem e, se Deus quiser, em um ano partiremos para o desenvolvimento de Diogo", finalizou o prefeito.
OUTRO LADO
Procurado pela reportagem do jornal PONTO FINAL, o ex-prefeito de Diogo de Vasconcelos, Aroldo Fernandes (PR), negou todas as irregularidades administrativas apontadas pelo atual prefeito, afirmando se tratar de "coisas de política". Ele afirmou ter feito na sua gestão "o que precisava ser feito", confirmou os pagamentos aos fornecedores, que foram bloqueados pela atual administração. Aroldo disse ainda que deixou a folha de pagamento pronta para o sucessor pagar com a receita que chegaria ao município no dia 10 de janeiro de 2017.