Flávio Ribeiro
Mariana/MG
O encerramento de atividades da Vale na região de Mariana voltou a ser pauta na Câmara na última segunda-feira (10). De acordo com o parlamentar Bruno Mól (PSDB), a moção de repúdio à mineradora deve prosseguir na Casa e gerar uma série de novos questionamentos sobre a responsabilidade da empresa ante ao município.
Assim como noticiado pelo Ponto Final nas últimas semanas, as demissões em massa ocorridas na empresa de mineração se tornaram um fator para endossar as críticas feitas por vereadores da cidade.
Na noite de segunda o vereador Bruno Mól citou que em conversas com três associações de bairros foi compartilhada a ideia de que a Vale precisa se posicionar de maneira mais responsável, inclusive sobre o fechamento do parque infantil da estação.
“Eles [os moradores] mostraram a insatisfação com a empresa referente ao descaso que a Vale teve com Mariana nessa questão específica do fechamento do parquinho. E uma coisa que uma moradora me falou, e que achei muito interessante, é que ela reproduziu muito bem a atual situação em que nós estamos discutindo. Além da Vale retirar as nossas riquezas, não nos pagar devidamente, trazer vários transtornos, agora ela tira doce da boca de criança”, contou.
Ainda segundo o parlamentar, ao trazer novos trabalhadores para a região a empresa sobrecarrega o trânsito, o sistema de saúde do município e não oferece nenhuma contrapartida.
Dívida
A dívida da mineradora com o município também foi o mote das críticas atribuídas por Bruno Mól.
Até janeiro deste ano, Mariana estava entre as principais cidades do Estado que ainda não haviam recebido o pagamento da CFEM (Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais), uma receita obrigatória para a exploração das terras locais.
De acordo com a Amig (Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais), em todo o Estado essa dívida era estimada em R$ 1 bilhão, em janeiro de 2015.
Outro lado
Questionada pelo Ponto Final sobre as dívidas da CFEM com Mariana, a empresa informou por meio de nota que recolhe regularmente a contribuição decorrente de suas operações e “eventuais discussões administrativas ou judiciais sobre divergências na interpretação da legislação aplicável seguem seu curso legal”.
Ainda de acordo com a mineradora, os empregados da empresa e seus dependentes, em sua maioria, “utilizam serviços médicos e hospitalares pagos por plano de saúde da empresa nos estabelecimentos credenciados disponíveis na região de Mariana”.
Sobre o transtorno no trânsito mencionado pelo vereador, mencionou que grande parte da movimentação provém de ônibus para o transporte coletivo dos empregados da empresa.
A Vale reiterou que está aberta ao diálogo e que tem contribuído de forma parceira em setores de cultura, turismo, meio ambiente, entre outros, mas não comentou sobre o fechamento do parquinho da estação ferroviária.