Pela primeira vez desde 1980, Ouro Preto vai ficar sem o tradicional Festival de Inverno. A decisão veio em virtude da pandemia do novo coronavírus e da consequente paralisação de atividades presenciais da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), que organiza o evento desde 2005. A reitora Cláudia Marliére, o pró-reitor de Extensão, Marcos Knupp, e a pró-reitora adjunta de Extensão, Gabriela de Lima Gomes, participaram de uma coletiva de imprensa na manhã de sexta (22) para fazer o anúncio.
A decisão de interromper o Festival de Inverno de Ouro Preto, Mariana e João Monlevade, que chegaria à 53ª edição neste ano, foi muito difícil, como destaca o pró-reitor de Extensão, Marcos Knupp. "Obviamente não seria possível a realização de um Festival de Inverno nos moldes como ele é atualmente", disse Knupp, lembrando que evento "acontece na rua, com aglomeração de pessoas, com interação entre essas pessoas. Nós sabemos da importância desse evento para essas cidades onde ele acontece".
O pró-reitor destacou também a importância da movimentação econômica e cultural para a região, assim como para os grupos artísticos locais. Segundo ele, os prejuízos serão grandes e a decisão "é muito pesada, mas nós estamos preservando vidas com essa atitude". Tradicionalmente, o evento inclui atividades nas três cidades onde há campus da UFOP. Desde 2019 o nome do Festival inclui, além de Mariana e Ouro Preto, o município de João Monlevade.
A preparação para esta edição do Festival começou no ano passado, em agosto, logo após a finalização da 52ª edição. Em 2020, com o tema "Paisagens Residuais", o evento comemoraria o tricentenário da sedição de Vila Rica, quando Filipe dos Santos se revoltou contra a cobrança de impostos pela Coroa portuguesa e foi condenado à morte. Após a revolta, as casas dos participantes do movimento foram demolidas e queimadas, dando origem ao Morro da Queimada, hoje um sítio arqueológico, para o qual o Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais (IHGMG) pediu tombamento.