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Prefeitos dos municípios atingidos pelo rompimento da Barragem rejeitam acordo de repactuação 

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DECISÃO. Lideranças municipais criticam falta de participação e distribuição de recursos no novo pacto de reparação.

Os prefeitos das cidades atingidas pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, se posicionaram contra os termos da repactuação proposta para a reparação dos danos causados pelo desastre. A decisão unânime foi tomada após uma reunião entre os gestores municipais, que denunciaram a falta de participação ativa no processo e a distribuição desigual dos recursos. 

Juliano Duarte, prefeito de Mariana, destacou que o acordo não contempla as reais necessidades dos municípios atingidos. “O prazo está se extinguindo, e os prefeitos precisam decidir se prosseguem com a repactuação ou recorrem ao acordo inglês. Os municípios não foram ouvidos. Passaram-se nove anos para que uma assinatura de repactuação fosse feita no Brasil, e, ainda assim, nenhum procurador ou prefeito foi chamado à mesa para discutir os problemas locais”, afirmou. 

Os gestores municipais também denunciaram a distribuição dos R$ 170 bilhões previstos no acordo, dos quais apenas 4% foram direcionados para os 49 municípios afetados, 38 em Minas Gerais e 11 no Espírito Santo. Segundo Duarte, a reunião não foi para que os municípios concordassem, mas apenas para serem comunicados sobre os termos do pacto. “Não concordamos com esse acordo do jeito que está. O que nós pedimos não foi respeitado”, reforçou o prefeito. 

A indignação também foi compartilhada por outras lideranças, como Wesley, procurador de Itueta, Elson Magnata, de Barra Longa, e Robin, representante de Naque. O vereador de Governador Valadares e a prefeita de Galileia, Maria Áurea, também manifestaram preocupação com a falta de investimentos estruturais nas cidades devastadas pela lama.  

Os prefeitos destacaram que, mesmo após quase uma década do desastre, muitas cidades ainda carecem de infraestrutura básica. “Não tem igreja, praça, nem escolinha. Tudo foi devastado pela lama em Barra Longa. É uma vergonha, me sinto envergonhado por ver um município desse jeito”, desabafou um dos representantes presentes. 

Os gestores ressaltaram que, no momento da assinatura do acordo, as empresas responsáveis pelo desastre não reconheceram as reais necessidades dos municípios. “Acreditar nisso seria muito ingênuo”, disse Duarte Júnior. Ele também lembrou que a antecipação de recursos só foi possível graças ao trabalho jurídico de escritórios que defenderam os interesses das cidades afetadas. 

Ao final da reunião, foi assinado, por unanimidade, um documento informando à Samarco e às demais empresas envolvidas que os municípios não aceitarão os termos da repactuação como estão, mantendo abertas as negociações para adequações. A decisão foi oficializada às 10h04, reforçando a posição dos gestores municipais na busca por um acordo mais justo.