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Epidemia de dengue e chikungunya coloca MG em alerta

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"Surto preocupante e que vai demandar uma série de medidas". A afirmação é do governador Romeu Zema (Novo) e acontece um dia após o Ministério da Saúde confirmar que Minas Gerais vive epidemias simultâneas de dengue e chikungunya.

Na manhã do último dia 27, o governador, Romeu Zema, participou de uma reunião com o secretário de Saúde, Fábio Baccheretti, e a equipe da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG). O objetivo do encontro era tratar sobre o cenário epidemiológico atual.

Ainda segundo o governador, o Estado já está orientando os municípios sobre a condução clínica dos pacientes que venham a procurar o atendimento médico. “Nessa altura do campeonato, não há muito o que se fazer com relação às medidas preventivas, o período chuvoso já passou. Os mosquitos estão soltos e tivemos, infelizmente, um atraso na aquisição do inseticida pelo Governo Federal”, pontuou o Zema durante a coletiva.

Minas já lidera ranking nacional com maior número de casos das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. Com relação a chikungunya, o número de casos no Estado representa 63% da incidência da doença no país.

O secretário de saúde, Fábio Baccheretti, destacou o aumento nos casos de chikungunya e alertou para a possibilidade de subnotificação da doença que, hoje, já representa 21% das arboviroses confirmadas em Minas.

Por outro lado, ele também lembrou que a chikungunya é uma doença que mata “pouco”, mas que deixa muitas sequelas, como dores nas articulações, por até seis meses. “Nosso receio mesmo é com a dengue, que geralmente é o que chamamos de morte evitável. Isso ocorre porque o paciente morre por, geralmente, iniciar a hidratação muito tardiamente. Ela causa um processo inflamatório que faz com que a pressão da pessoa caia e, se você chegar muito tarde no hospital, pode morrer. Então, o papel do Estado hoje é principalmente explicar e treinar a população para buscar esse atendimento rápido. E orientar os profissionais de saúde a fazerem o manejo ideal da dengue, para que a gente consiga ver os sinais de alarme dos pacientes para que eles sejam atendidos rapidamente, para, obviamente, evitar a morte”, completou Baccheretti.

José Geraldo Leite Ribeiro, epidemiologista e professor emérito da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, acredita que existe a possibilidade de colapso do sistema de saúde com a epidemia. “O risco sempre ocorre quando há epidemia de dengue e a chikungunya também contribui para o aumento do movimento”, avalia. Entretanto, Baccheretti não acredita nessa possibilidade. “A dengue tem esse comportamento de se complicar pouco, internar pouco. Nós já prevíamos um aumento, tanto da dengue quanto das doenças respiratórias. Mas vale lembrar que a dengue tem esse comportamento de, a cada três anos, é de vir forte em março e abril. Então, não é a primeira vez que isso acontece e, se não aconteceu colapso nesses anos anteriores, não é agora que vai acontecer. Estamos melhor preparados, inclusive repassamos um recurso quatro vezes maior para as UPAs de todo o Estado, ultrapassamos os R$ 250 milhões de repasse neste ano”, garantiu o secretário de saúde. 

Durante a coletiva, Romeu Zema destacou ainda que, possivelmente, Minas Gerais esteja vivenciando sua “última epidemia” de dengue. Isso porque, segundo ele, a partir de maio de 2024 deverá começar a funcionar a biofábrica da bactéria Wolbachia. Insetos com a bactéria serão soltos no ambiente para se reproduzirem com os Aedes aegypti locais e estabelecer uma população com Wolbachia. Esses insetos não transmitem doenças e ajudam no controle das arboviroses. A construção da fábrica está prevista para começar em abril, no bairro Gameleira. “Com essa bactéria, o mosquito passa a não mais transmitir estes vírus da dengue, zika e chikungunya. Com isso, esperamos ter uma redução expressiva. Além disso, também fomos informados que o Instituto Butantan e a Fiocruz estão preparando uma vacina que poderá ser ministrada nos próximos anos, visando a imunizar as pessoas com relação a essas doenças. Então, muito provavelmente, nós estamos vivenciando nesse ano de 2023, talvez o último grande ciclo dessas doenças”, completou o chefe do Executivo.

Ainda conforme o secretário de saúde, a construção da biofábrica faz parte do acordo de reparação de Brumadinho. Apesar disso, ela será operacionalizada pela Fiocruz e a expectativa é que ela consiga distribuir os mosquitos com a bactéria não só para Minas, mas para todo o país. 

“A expectativa é que, ao final de 2024, nós teremos os primeiros mosquitos já sendo espalhados pela região. E lembrando que a expectativa do próximo ano epidêmico seja daqui a 3 anos. Até lá, já teremos esses mosquitos espalhados e boa parte do Estado”, completou.