Como uma pessoa surda faz para saber quando seu bebê está chorando se ele não estiver por perto? Já parou para pensar nisso? Pois as alunas, Ana Clara Alves Belmonte Galvão, Isabella Heloísa Jacinto do Nascimento, Maria Eduarda Neves de Almeida e Rayssa de Oliveira Mendes, do primeiro ano do curso técnico integrado em Automação Industrial, sim.
Com orientação da professora Cristina Alves Maertens, elas conceberam o projeto Mira, uma das 20 propostas selecionadas, em todo o Brasil, pelo Power4Girls. A iniciativa da Embaixada e Consulados dos EUA, que seleciona ideias que possam impactar positivamente a sociedade, conta com a implementação do Instituto Sou Glória e apoio do Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif). O programa, neste seu 3° ciclo, escolheu “Acessibilidade e Inclusão” como tema.
Pensando na realidade de mães surdas, especialmente as mães solos, que não contam com auxílio no dia-a-dia, a proposta da equipe é desenvolver uma pulseira vibratória que indica o choro da criança com a assistência de um sensor localizado no berço do bebê. A ideia é que o dispositivo também possa emitir luzes coloridas e indicar, inclusive, a intensidade do choro. Também caberá, à equipe, desenvolver o aplicativo que permitirá fazer todas as configurações necessárias para o funcionamento da pulseira de acordo com as necessidades de quem a utiliza.
Embora o foco principal do grupo seja facilitar o cotidiano de mulheres surdas, dada a ampla funcionalidade da proposta, as integrantes vislumbram poder atender outras necessidades da sociedade. “O projeto, em si, não precisa ser exclusivamente usado por essas mães, mas também por idosos, por exemplo, alertando sobre a hora de tomar remédio, entre outras coisas”, lembra Isabella.
Expectativas
Avistar um futuro com mais inclusão e acessibilidade, e contribuir para tudo isso no presente, é uma das motivações dessas jovens mulheres. O próprio nome escolhido para o projeto sinaliza as intenções do grupo. “O nome MIRA veio da junção das iniciais das integrantes, tendo um duplo sentido, já que também estamos mirando em um futuro mais acessível”, explica Rayssa.
A exitosa participação da equipe “Por Elas”, em 2022, no mesmo Programa, e que também era formada por alunas do Campus Ouro Preto, foi uma das inspirações para as atuais participantes do Power4Girls. “Desde que conheci o Programa, achei interessante, já que dá visibilidade à mulheres e visa impactar positivamente a nossa sociedade. Por isso, chamei as meninas para formar a equipe e confesso que estamos muito animadas, já que será uma grande oportunidade, tanto para aprendermos mais sobre a automação, quanto para discutirmos com outras pessoas formas de ajudar e de transformar o espaço em que vivemos”, afirma Maria Eduarda.
A estudante Ana Clara concorda com a colega de equipe: “Acredito que o Power4Girls irá nos proporcionar um espaço de conversa muito importante a respeito de qual é o futuro que desejamos construir, e de que forma podemos transformar o espaço em que vivemos para melhor. Será uma experiência enriquecedora! É uma oportunidade sem igual para todas nós”. Durante a execução do Programa, as participantes receberão sessões de orientação, kick-off on-line e participarão de tarefas, cursos, oficinas e outras atividades. Para a professora e orientadora Cristina Maertens, esta será uma excelente oportunidade para que as jovens desenvolvam habilidades relacionadas à gestão de equipes de projetos.
O encerramento do Programa será realizado em Brasília, no mês de outubro.