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Câmara Municipal e o jogo do “não me atende, que eu também não atendo” 

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Tem sido quase rotina: vereadores subindo à tribuna para questionar algumas empresas que prestam serviço na cidade. Reclamações sobre falta de retorno, de respeito, de diálogo, de ação, de qualidade no atendimento. Em alguns casos, mais exaltados, pedem até nota de repúdio – o atestado oficial da indignação pública. Mas, como diz o ditado, “quem com ferro fere, com ferro será ferido”. E essa semana o jogo virou. 

Imagine a cena: representantes da operadora Vivo, prontos para tentar resolver as pendências, vai até a Câmara Municipal, com horário marcado, tudo nos conformes. Quem os recebe? Dois vereadores: Preto do Cabanas e Marcelo Macedo. Os demais? Sumiram. Silêncio no plenário, eco nos corredores. A mesma cena se repetiu com a Samarco, que, justiça seja feita, comparece religiosamente às reuniões mensais da Câmara. Hoje, lá estava novamente. E com quem conversou? Com o único presente, o resiliente vereador Marcelo Macedo. Mais ninguém. 

A pergunta que não quer calar: se a ausência de respostas das empresas é considerada desrespeito, o que dizer da ausência dos representantes do povo numa reunião? Seria o caso da Vivo e da Samarco também emitirem suas próprias notas de repúdio? Afinal, sair da rotina, parar tudo, organizar dados, montar equipe, ir até a Câmara e encontrar cadeiras vazias — isso sim beira o constrangimento público. 

Fica claro que a indignação, quando não é acompanhada de coerência, perde força. É uma hipocrisia exigir compromisso sem dar o exemplo. Talvez esteja na hora de rever quem realmente está escutando quem — e, principalmente, quem está cumprindo seu papel. 

Porque a Câmara não é palco só para cobrar: é, antes de tudo, lugar para dialogar. E diálogo exige presença.