O movimento em Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, se transformou nos últimos anos. Diariamente, ônibus executivos transportam trabalhadores que embarcam e desembarcam em horários estratégicos para cumprir os turnos nas mineradoras da região. A ascensão econômica da cidade é impulsionada pela exploração de lítio, mineral essencial na transição energética global, sobretudo na produção de baterias de carros elétricos e híbridos.
Segundo o Serviço Geológico do Brasil (SGB), o Vale do Jequitinhonha concentra 85% das reservas nacionais de lítio, distribuídas em cerca de 45 depósitos. Esse dado chama a atenção de empresas que já anunciaram investimentos superiores a R$ 5 bilhões entre 2025 e 2029, principalmente em Araçuaí, Itinga e outras cidades do entorno. Atualmente, gigantes como Sigma Lithium, Companhia Brasileira do Lítio (CBL) e AMG Brasil já operam na região, enquanto novas empresas avançam com processos de licenciamento.
O crescimento econômico também se reflete na arrecadação fiscal. Dados do governo estadual mostram alta de 39,4% na receita de ISS e 12% no ICMS nos 17 municípios mineiros prioritários para a mineração de lítio. Em paralelo, a Invest Minas, agência estadual de atração de investimentos, aposta na instalação de empreendimentos que não apenas extraiam, mas também processem o mineral no próprio território mineiro, buscando agregar valor à cadeia produtiva.
Entre os projetos em destaque está o da Atlas Lithium, empresa norte-americana com investimento inicial de R$ 750 milhões. A mineradora pretende extrair 150 mil toneladas de lítio por ano em uma área que abrange Araçuaí, Itinga e municípios vizinhos. Em Salinas, no Norte de Minas, a australiana Pilbara Minerals projeta tornar a cidade um dos dez maiores polos de produção de lítio do mundo, com investimentos de R$ 2,1 bilhões e geração de mil empregos diretos.
Pioneira na exploração subterrânea de lítio, a CBL opera há mais de três décadas em Araçuaí e Itinga, com uma mina de 14 km de extensão. Desde 2020, a empresa quintuplicou sua produção anual de concentrado de espodumênio, mineral fonte de lítio. Vizinha à CBL, a Sigma Lithium também planeja expandir sua operação na Grota do Cirilo, com meta de produzir até 250 mil toneladas de lítio por ano. O Vale do Lítio, como a região foi batizada em estratégia de marketing da Invest Minas, desponta como protagonista nacional da nova economia verde.
LEGENDA. Os principais objetivos são investir no conhecimento acerca do minério, priorizando a capacitação de mão de obra local e uma mina de longa vida útil que fique lado a lado com algumas das maiores operações globais. Imagem por: Fred Magno / O TEMPO.