REPARAÇÃO. Presidente defende prefeito de Mariana durante vaias; anúncio inclui repasses para famílias atingidas, hospital universitário e investimentos bilionários.
Nesta quinta-feira (12), a Praça da Sé foi palco de um evento simbólico de grande importância para a população da região da Bacia do Rio Doce. Com presença marcante do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a cerimônia apresentou os avanços do novo acordo de reparação firmado com as mineradoras responsáveis pelo rompimento da Barragem de Fundão, ocorrido em 2015, em Mariana.
O evento contou com ampla participação popular, marcada por aplausos entusiasmados ao presidente, além da presença de ministros, governadores, deputados, vereadores e prefeitos — entre eles, Ângelo Oswaldo, prefeito de Ouro Preto, e Juliano Duarte, prefeito de Mariana.
Durante sua fala, o prefeito Juliano Duarte foi vaiado por parte do público. A manifestação, no entanto, foi prontamente contida pelo presidente Lula, que interrompeu o discurso para defender o chefe do Executivo municipal. Em tom firme, Lula pediu respeito e relembrou o esforço coletivo que resultou no novo acordo: “Esse é um momento histórico para a cidade de Mariana. Não pensem que foi fácil construir esse acordo, porque quando nós chegamos à Presidência, esse acordo já estava há 8 anos parado e ninguém negociava. Graças ao movimento organizado aqui, graças ao nosso advogado Geraldo, graças aos nossos ministros, nós conseguimos chegar a um acordo. Hoje é um dia institucional. Quando terminar esse ato aqui, a política regional pode voltar ao seu local e falar o que quiser. Mas nesse ato aqui, o prefeito é o nosso convidado. Não tem sentido o presidente da República vir a um lugar e não convidar as autoridades, e aí ele chegar aqui e ser mal recebido. Ninguém convida alguém para ir à sua casa para ser mal recebido”, declarou Lula, sendo amplamente aplaudido.
Novos benefícios para atingidos
Lula anunciou um pacote robusto de investimentos voltado às populações atingidas pelo desastre de Mariana. Um dos principais anúncios foi o pagamento de um salário mínimo e meio por 36 meses para 37 mil famílias de pescadores e agricultores familiares da região. Após esse período, o valor será reduzido para um salário mínimo por mais 12 meses. Os pagamentos devem começar já em julho deste ano.
Além disso, foi confirmada a construção do Hospital Universitário de Mariana. Também será implantado um Observatório da Educação na Bacia do Rio Doce até 2027, com o objetivo de monitorar e fortalecer as políticas públicas educacionais na região.
Outro destaque do evento foi o anúncio da criação de 15 Centros de Formação da Juventude, que vão oferecer cursos profissionalizantes e atividades culturais e esportivas, com foco na inclusão e no futuro da nova geração.
O acordo bilionário
O novo Acordo da Bacia do Rio Doce, assinado por Lula em outubro de 2024, prevê que as mineradoras responsáveis pelo rompimento da barragem desembolsem R$ 32 bilhões para ações de recuperação ambiental, reassentamento e indenização das vítimas. Além disso, outros R$ 100 bilhões serão repassados ao longo de 20 anos ao governo federal, aos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, e a 49 municípios diretamente impactados pela tragédia.
Esses valores se somam aos R$ 38 bilhões já pagos pela Fundação Renova desde o primeiro acordo firmado em 2016 até o ano passado. Com isso, o valor total dos pagamentos chega à cifra de R$ 170 bilhões, representando o maior esforço de reparação já visto na América Latina.
