Nesta semana dos namorados, Mariana vai receber uma visita que promete mexer com os corações — e com o trânsito, o comércio, o sossego e até com o direito sagrado de entrar e sair de casa sem mostrar crachá. Sim, senhoras e senhores, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está chegando com pompa, discurso e uma série de promessas que, se viessem acompanhadas de um chocolate e uma rosa, talvez causassem menos transtorno.
O evento será na já célebre (e agora cercada) Praça da Sé, a partir das 10h desta quinta-feira (12), com acesso limitado por credenciamento. Porque, afinal, nada mais democrático do que uma cerimônia pública… fechada ao público. Durante a visita, o presidente deve anunciar medidas de reparação pelos danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, que completou em 2025 seu aniversário de 10 anos. Uma década. Dez anos. Só para enfatizar a velocidade das reparações.
Entre as promessas: hospital universitário da UFOP, investimentos em infraestrutura, saúde, educação, agricultura familiar e apoio às populações atingidas. Tudo isso embalado num belo discurso e, quem sabe, com direito a selfie presidencial para postar no feed.
Mas enquanto a comitiva circula, Mariana para. O Centro Histórico virou uma zona de exclusão, como se estivéssemos recebendo um chefe de Estado estrangeiro — ou um popstar com medo de spoiler da setlist. Moradores ao redor da Praça da Sé só entram ou saem de casa se estiverem devidamente credenciados. Sim, credenciamento para abrir a porta de casa. Já os comerciantes, que sonhavam com um Dia dos Namorados lucrativo, tiveram que fechar as portas e assistir ao movimento desaparecer mais rápido que verba prometida em palanque.
No fim, a pergunta que fica é: com tanto transtorno, o que realmente vai sobrar depois da visita? Esperamos que seja mais do que cones de trânsito, grades de contenção e promessas vazias. Porque, convenhamos, depois de dez anos de espera, o que o povo de Mariana quer não é discurso. É ação.
Ah, e se você ainda não comprou o presente do Dia dos Namorados… talvez seja melhor esperar o presidente ir embora.