Era 27 de maio de 2025. Dia marcado com antecedência, dentro do calendário oficial, para a prestação de contas do 1º quadrimestre da Prefeitura Municipal de Mariana. Uma data importante para a transparência pública e o exercício democrático. E, no entanto, a cena que se desenhou na Câmara Municipal foi de um silêncio constrangedor — não havia um único vereador presente.
Sim, caro leitor. A tão falada prestação de contas, exigida em discursos inflamados e cobrada rotineiramente por setores da oposição — em especial pelo vereador Marcelo Macedo, conhecido por sua ênfase na fiscalização financeira do município — aconteceu para as paredes. O Secretário de Planejamento, Fazenda e Governança, Marlon Figueiredo, se viu solitário no plenário, apresentando números, dados e análises que, ao que parece, não interessaram a ninguém do Legislativo.
O presidente da Câmara, Ediraldo Ramos, justificou sua ausência: estava em Ouro Branco, acompanhando sua esposa no hospital. Lamentamos, claro, e desejamos saúde. Mas a pergunta que paira no ar é: e os demais vereadores? A Câmara Municipal não é composta apenas por um presidente. Onde estavam os representantes eleitos para fiscalizar, ouvir e participar ativamente dos assuntos que dizem respeito ao dinheiro público?
É no mínimo vergonhoso que uma prestação de contas — uma ferramenta fundamental de controle e diálogo entre Executivo e Legislativo — aconteça sem a presença daqueles que, em tese, têm o dever de acompanhar, questionar e propor. Pior ainda é o contraste entre o discurso e a prática: cobra-se transparência, exige-se responsabilidade fiscal, mas na hora de cumprir o próprio papel, os representantes somem.
A democracia se constrói com presença, escuta e responsabilidade. De nada adianta lotar redes sociais com vídeos de críticas se, quando a Prefeitura se dispõe a apresentar seus números, não há ninguém para ouvir, debater ou, pelo menos, anotar.
Prestação de contas para ninguém não é apenas um descaso. É um sintoma grave de uma política que, cada vez mais, se distancia das suas obrigações e se aproxima perigosamente da omissão institucionalizada.
Fica o registro. Fica a vergonha. Fica o alerta. E, para os vereadores de Mariana, fica o convite: da próxima vez, que tal comparecer?