A cidade de Mariana viveu, nesta quarta-feira (7), mais um daqueles episódios dignos de um roteiro político instável — ou, para os mais dramáticos, um novo capítulo da já conhecida novela institucional. A possibilidade de cassação de um vereador mobilizou atenções, dividiu opiniões e, principalmente, expôs a fragilidade de um cenário político ainda em busca de estabilidade.
Não se trata aqui de defender nomes ou levantar bandeiras. O ponto central deste editorial é o impacto coletivo de um processo como esse: o afastamento de um parlamentar eleito pelo voto direto da população, enquanto o julgamento de seu caso ainda está em curso e sem parecer definitivo do Tribunal Regional Eleitoral (TRE). O uso da palavra “cassação” já carrega um peso considerável, e quando se coloca isso em pauta sem o respaldo jurídico consolidado, abre-se uma ferida institucional — e, por que não dizer, emocional — na confiança do eleitor.
A decisão da presidência da Câmara Municipal de aguardar a manifestação oficial do TRE antes de tomar qualquer providência definitiva parece, neste momento, a mais prudente. Não apenas por uma questão legal, mas por respeito ao processo democrático e à estabilidade política que Mariana tanto precisa — e historicamente carece. Afinal, trata-se da mesma cidade que, não faz tanto tempo assim, trocava de prefeito com frequência preocupante.
O clima de incerteza ganhou contornos ainda mais dramáticos quando o suplente do vereador chegou a ser convocado, mobilizou equipe, chamou familiares, e — já prestes a tomar posse — teve sua expectativa frustrada com o cancelamento da cerimônia. Uma sequência de decisões apressadas, revogadas em cima da hora, que só aumenta a sensação de instabilidade e desgaste para todos os envolvidos.
Independentemente do desfecho, que agora está nas mãos do TRE, Mariana precisa refletir sobre o que está por trás desses embates políticos. Não se trata apenas da figura de um vereador, mas da imagem de toda uma Casa Legislativa e da confiança que o povo deposita — ou tenta depositar — nas instituições públicas.
Aguardemos, pois, a Justiça. E que, ao final desse processo, prevaleça não o jogo de forças políticas, mas o compromisso com a legalidade, o equilíbrio e o respeito ao eleitor. Porque o que está em jogo vai além de um mandato: é a credibilidade de uma cidade que não pode mais se dar ao luxo de viver em crise constante.