Nesta terça-feira (22), o céu de Mariana foi cenário de algo que, até pouco tempo, parecia improvável: um helicóptero de resgate decolando diretamente de um heliponto — sim, da própria cidade.
É impossível não lamentar profundamente o desfecho do caso que marcou a primeira utilização do heliponto da UPA Municipal. Uma criança, vítima de uma picada de escorpião, precisou ser levada com urgência ao Hospital João XXIII, em Belo Horizonte. Apesar da mobilização rápida e coordenada do Corpo de Bombeiros, do SAMU, da Polícia Municipal e da equipe da UPA, a criança não resistiu. Um caso que corta o coração de qualquer um.
Mas mesmo nesse momento de dor, é necessário reconhecer um avanço que pode — e vai — salvar muitas vidas. A UPA de Mariana, hoje, é símbolo de um novo capítulo na saúde pública do município. Modernizada, equipada, e com um heliponto, ela encurta a distância entre o socorro e a sobrevivência. Mariana sempre foi refém da geografia e da urgência: depender da estrada, do tempo, da sorte. Quem vive aqui sabe bem. Emergências graves, como infartos, traumas e, sim, acidentes com animais peçonhentos, exigiam um deslocamento penoso até BH. Agora, o tempo está a favor da vida.
Não é só um heliponto. É uma infraestrutura digna, é o reflexo de investimento sério, é a possibilidade real de dar uma resposta rápida, segura e eficaz quando cada segundo importa.
E é preciso dizer: Mariana está, sim, colhendo os frutos de uma evolução na saúde. Pode não parecer quando um caso trágico nos abala, mas é justamente nesses momentos que o aparato certo faz diferença. Hoje temos uma UPA que funciona, que integra forças com bombeiros, com o SAMU, com a Polícia. Hoje temos uma estrutura que responde, que socorre, que tenta.
É claro que ainda há muito a se fazer — sempre haverá. Mas quando olhamos para trás e lembramos que um helicóptero já pousou no meio da rodoviária porque não havia outro jeito… fica evidente o quanto avançamos.
A saúde em Mariana não pode ser apenas número de consultas ou prédios bonitos. Ela tem que ser sobre dignidade, estrutura e agilidade para salvar vidas. E o heliponto da UPA é exatamente isso: um símbolo de que estamos prontos para reagir, para correr contra o tempo — e, às vezes, até para voar por uma vida.
Agora, Mariana não só assiste de longe. Agora, Mariana participa do resgate.
E isso faz toda a diferença.