A novela das indenizações em Mariana ganha um novo e revoltante capítulo. O vereador Preto do Cabanas expressou sua preocupação com o desdobramento das compensações às vítimas do rompimento da barragem da Samarco. Segundo ele, uma simples mudança de palavra em um documento oficial pode resultar na exclusão de mais de 90% da população afetada do direito à reparação. Um detalhe burocrático que, na prática, transforma a promessa de justiça em uma miragem.
De acordo com Preto, a empresa classificou diversos pedidos como “fraude”, uma acusação grave que levanta suspeitas sobre a real intenção da mineradora. O rótulo não apenas nega o direito dos atingidos, mas ainda os coloca sob um manto de desconfiança injustificável. Afinal, quem investiga essas supostas fraudes? Quais critérios são utilizados? Se há irregularidades, onde estão as provas concretas?
Os números reforçam o absurdo da situação: de aproximadamente 20 mil pedidos de indenização, apenas cerca de mil devem ser contemplados, segundo um advogado que acompanha o caso. Além disso, um perito revelou que não conseguiu comprovar as alegadas irregularidades nos pedidos, o que lança ainda mais dúvidas sobre os critérios adotados pela Samarco.
“Precisamos da mineração? Precisamos, mas de forma responsável”, alerta Preto, lembrando que os impactos dessa decisão draconiana serão sentidos por toda a população marianense. A cidade, que já carrega as cicatrizes do desastre, agora enfrenta mais um golpe – desta vez, com ares de burocracia implacável.
Fizemos contato com a mineradora Samarco e aguardamos um posicionamento oficial. Esperamos que a situação seja resolvida com transparência e justiça, garantindo que a população receba o que lhe é de direito. Afinal, a reparação não pode ser apenas uma promessa vazia; deve ser um compromisso real com aqueles que tiveram suas vidas devastadas pela irresponsabilidade de poucos. Mariana merece mais do que migalhas. Merece respeito.